Libera geral! Nada é tão ruim que não possa piorar. Lembram? “Ah! O que estamos liberando é apenas a posse e não o porte de armas”. “Isso, isso, isso…Parabéns mito. Também sou a favor que o cidadão de bem, tenha em sua residência, uma arma para a sua defesa, da família e da sua propriedade. Agora, andar na rua armado, isso não! Aí complica”.
Lembram-se desse posicionamento? Não faz muito tempo não é mesmo? Incoerência? Não, nada disso. Isso se chama inconstância. Muitos, a exemplo do seu “Jim Jones”, não sabem para onde querem ir. Ou até sabem, mas se envergonha de tomarem o caminho correto.
Como sempre, embasamos nossos escritos sobre qualquer assunto, não raro, após conhecimento, mesmo que superficial, do conteúdo e do contexto em que se inserem. Assim sendo, posicionamo-nos sem a intenção de aprofundamento sobre a matéria, pois reconheço as minhas limitações de conhecimentos sobre segurança pública e combate à violência. Por essa razão, focaremos nossa atenção para a questão do “libera geral”, através de um ato irresponsável, inconsequente, e digno de loucura de um governo que se apresenta sob o comando de um sujeito deliberadamente doentio, que quer o orbe pensando de maneira patológica tal qual entende o mundo.
O Artigo 20, do famigerado Decreto da morte, trata das pessoas autorizadas a portarem armas pelas ruas, e aí as pessoas bem intencionadas ou não alienadas pelas ideias tresloucadas de um cidadão medíocre, na acepção de nível da palavra, deverão estar alarmadas com o libera geral. Resumindo, somente ficou de fora da autorização tácita para a matança, eu, você, cidadãos comuns, que agora devem caminhar apreensivos pelas ruas, pois a cada esquina poderemos nos deparar com um agente do faroeste à brasileira. Não vou querer cansar ninguém aqui reproduzido trechos do Decreto em referência, mesmo porque ele está disponível na internet, em sua edição oficial.
Pois bem, esperava-se uma posição contundente do ministro da justiça, o implacável Sérgio Moro. Que nada! Cada dia uma decepção maior em relação a esse senhor. Chegou a declarar que não gostaria de comentar, pasmem, sobre o, assunto, pois não é matéria de segurança pública e sim um ato de Presidente em fiel cumprimento aos anseios da maioria da população brasileira, ratificados pelo resultado do último pleito eleitoral para presidente. Primeiro isso não é verdadeiro. O então ministro não parece fraco somente em português. Matemática também não é o seu forte. 89 milhões de pessoas não escolherem o atual mandatário, que contou com a simpatia de 57 milhões de admiradores ou esperançosos de algo novo que se vislumbrava.
Covarde e presunçoso, o Decreto cauciona o grosso da sociedade para o uso de armas. Passo as vistas sobre o artigo 20 e não acredito. Tiveram o cuidado de contemplar segmentos que poderiam obstaculizar o tenebroso projeto de matança legal idealizada por uma mente doentia. Não vou particularizar aqui as categorias beneficiadas com o Decreto para não tornar injusta uma posição de caráter genérico.
A loucura está vencendo a razão. Esperamos que a própria justiça corrija essas aberrações, que a propósito de corrigir o que está errado, agrava ainda mais a situação caótica filigranada num contexto de violência exacerbada.
O combo da maldade e os matizes da violência estão em alta cotação. Esperamos que isso seja mais um modismo e que as coisas se acalmem e possamos ter uma sociedade efetivamente civilizada.
“Todos são iguais perante a lei”. Nunca um preceito constitucional foi tão desmoralizado como esse. O pior é que o poder Executivo, respaldado na prerrogativa do poder discricionário que lhe assegura a lei, usurpa, de maneira frequente e vergonhosa, as atribuições do Legislativo, que por vezes tem se mantido inerte, pois certas decisões lhe são favoráveis. Nesse panorama, o Executivo não executa; o Legislativo não legisla, e o Judiciário, ah! Esse, sinceramente, permanece comendo lagosta, bebendo vinho e uísque doze anos, tudo à custa dos bobos da corte, que somos nós, que ousamos sonhar com dias melhores, e nos embrenhamos em brigas ridículas nas redes sociais, numa dicotomia improdutiva que nenhum benefício nos trará. Ainda acredito no Brasil. Haveremos de acordar um dia, abandonando o berço esplêndido de uma estória de fadas.