Olho ao redor do mundo e fico perplexo. Ao contemplar a magnitude do orbe, fico a imaginar porque tantos desalinhos em nossas existências. A vida é fácil. Nós a tornamos difícil. O enredo tortuoso parece não ter fim. Tudo gira em torno da saga egoísta do ser humano.
Desligo a visão, aciono o pensamento. Ah! Como seria espetacular um mundo harmônico, onde os seus integrantes tivessem a alma da serenidade latente, de matiz serena! Utopia! Quero continuar vivendo essa possibilidade, não obstante reconhecer os espinhos espalhados nessa estrada de sinuosidade tênue. A humanidade está involuindo em suas relações interpessoais.
No campo dos gêneros vimos recrudescer o sexismo exacerbado, onde cada um estica a corda, que arrebenta e expõe a mediocridade humana. Que boa seria uma convivência pacífica entre homens e mulheres não? Todavia, a essência do machismo opressor impede que tenhamos uma pontinha de esperança numa convivência em harmonia entre gêneros.
Observamos a teimosia humana em não aceitar a visão do outro. Não estamos cedendo nem um milímetro. No campo da política, adotamos uma dicotomia azeda, que nos leva a discussões tolas e inconsequentes. O pior é que a defesa dos nossos ideais invariavelmente se encontra atrelada aos nossos mesquinhos desejos do poder e da riqueza.
Nossa visão de mundo se encontra desalinhada. Somos inteligentes para descobrir tecnologias de ponta. Alta tecnologia que nos propicia um amplo conhecimento das coisas do mundo em curto espaço de tempo. Ai vem a pandemia e nos humilha nos endereçando para a nossa caixinha insignificante. Trocamos a fala pela escrita e o visual. Aí, ampla discussão pode suscitar. Não vou entrar no tema nesse momento.
Estamos em desalinhos. O comportamento humano vive um ciclo facilmente decifrável, onde o retorno ao ponto de origem se evidencia a olho nu. Somos criaturas buscando a perfeição, mas nos deparamos com barreiras quase que intransponíveis, que nos tornam serem cada vez mais imperfeitos. Que paradoxo!
Ilusória a sensação de modernidade que observamos. Ela é real. Somos modernos. Ficamos espertos. Não, não gosto desse adjetivo. No nosso caso nos remete à “lei do Gerson”. Incrível como não aceitamos a verdade do outro. Perdemos o senso da fraternidade. Na afirmação “temos de gostar de nós primeiro” vejo um balizador para o nosso egoísmo. Penso não ser possível ser feliz tendo a humanidade perdida, triste em seus argumentos. A premissa da felicidade primária, originada somente em nós, é uma posição desfocada, sem contundência e sem razão. “É impossível ser feliz sozinho”. O trecho de “Wave”, música de Tom Jobim, decreta a razão da nossa felicidade, enquanto seres humanos.
Nossas vidas amargam desalinhos. Vamos nos alinhar aos que perseguem o alinhamento em convivência social. “É impossível ser feliz sozinho”. Isso é verdadeiro.