Marcamos um churrasquinho para o próximo domingo e teremos de mudar nossos planos, pelo menos quanto ao cardápio. Talvez optemos por uma receita vegetariana para reunirmos os amigos e manter o astral da amizade em nível elevado, sem correr riscos de contaminação por ingerirmos alimentos contaminados, distribuídos descarada e vergonhosamente por grupo de empresários inescrupulosos, cuja saga capitalista, não os freia da prática de atos covardes e gananciosos.
A carne é fraca no sentido lato e no figurado. Os produtos distribuídos por frigoríficos do Sul/Sudeste mostram-se inadequados ao consumo humano, quiçá até para animais.
Considerada a maior operação da PF em todos os tempos, a “carne fraca” traz à tona uma questão que não pode passar despercebida: até aonde podemos nos alinhar à defesa de um sistema econômico, onde os bens de capital são entregues a grupos econômicos, os chamados empreendedores, e deles esperar a geração de emprego e renda? Vamos refletir sobre esta questão, deixando de lado as paixonites agudas que nos afeta em abundância, principalmente quando não queremos arredar pé das nossas convicções, por vezes absurdas e cegas, tomando partido de quem não merece.
O esquema de “maquiagem” da carne estragada, através de produtos químicos, é de uma crueldade tamanha que tendo a ser favorável à prisão perpétua para os irresponsáveis que estavam cometendo tais absurdos.
E o esquema? Se retroagirmos a dezoito anos, chegaremos ao ano de 1999. Pois bem, durante esse bom período, o Ministério da Agricultura foi administrado sob a batuta do PP e do PMDB. Até hoje ainda é, com a nomeação do atual ministro pelo Michel Temer. Chegamos à conclusão de que a quadrilha do PT não está só na jogada, tendo como coadjuvante outras siglas partidárias acima de qualquer suspeita, pelo menos para aqueles que endeusam certas personalidades políticas, numa atitude infantil, de pura dicotomia do mocinho x bandido.
Nosso cardápio está cada vez mais restrito. Frango, carne, linguiça, mortadela, nem pensar! Até papelão não podemos incluir na nossa dieta. Ele faz parte do componente alimentar dessas fraudadoras e consumidoras da saúde biológica do nosso povo.
Passo a analisar que modelo econômico devo defender. Numa sociedade de corruptos e malfeitores, guardando as inegáveis exceções que existem, não podemos mais defender a entrega dos bens de capital nas mãos de gananciosos e bandidos empresários, que vêm no lucro a qualquer custo, uma doutrina da qual não arreda pé. Por isso defendem as privatizações e nós, inocentes que somos, aplaudimos a política neoliberal do Estado fraco e o empresário forte. Ao povo a migalha em doses homeopáticas.
Antes que contestem meus argumentos, não sou a favor do comunismo exacerbado que defende a divisão dos bens de produção em fatias igualitárias, contemplando os vagabundos e preguiçosos. Nada disso. O que defendo é um capitalismo humano, onde todos ganhem e não apenas uma parte do “acordo”.
O que esses malfeitores fizeram (e continuarão fazendo) é fruto da essência do pensamento econômico predominante na atualidade, onde o empresário vai buscar recursos do Estado(portanto nossas contribuições), para abrirem um negócio sob a enganação de que está gerando emprego e riquezas para o País. E não é que a maioria de simpatizantes do capitalismo atual acredita nessa vertente! Vejam o absurdo: pegam o nosso dinheiro, distribui uma merreca através de salários ridículos e quando a margem de lucro diminui, eles usam de artifícios, a exemplo da “maquiagem” da carne estragada, para manter o seu superávit. Que riqueza esses senhores empreendedores criam? Sejamos sinceros.
Recentemente mudei o meu conceito quanto à corrupção. Não são os políticos os protagonistas de atos corruptos e sim os empresários inescrupulosos da ganância do lucro fácil e do desprezo pelos consumidores e povo em geral. Reflitam que a iniciativa da corrupção advém da ganância desses senhores.
O esquema é diabólico. Funcionários do Ministério da Agricultura e representantes de frigoríficos influentes se associaram para os atos criminosos de adulteração de alimentos, tendo os investigadores afirmados que o PMDB e o PP receberam propina do esquema. O esquema político da propina reinante estava lá instalado nas entranhas do Ministério da Agricultura.
Olha, não sou adepto ao consumo de linguiça. Quem convive comigo sabe do meu repúdio ao alimento de aparência feia. E agora sabendo que posso estar comendo cabeça de porco, as chances de ingerir o tal alimento é zero. Podem comer tudo. Fico sem tira-gosto.
Mais uma vez Curitiba entra em cena. Deixo aqui a minha sugestão para transferirmos a capital do Brasil para lá. Quem sabe não teremos vários “Moros” para cuidar de malfeitores descarados!
Fora do eixo. Esse João Dória é um nome a ser observado viu! Quem sabe….
José Ricardo é contabilista e funcionário aposentado do Banco do Brasil