“Todo poder emana dos ratos e em seus benefícios é exercido”. Se atentarmos para o mapa mundial dos regimes de governo, observamos uma escalada sistemática do regime totalitário, surgindo ditaduras representadas pelo sistema presidencialista e aí a confusão é generalizada. A democracia, abocanhada pelos ratos famintos, dá sinais de fraqueza, porquanto encobre com uma grande cortina de fumaça, a ideia de que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido, o preceito constitucional mais desrespeitado pelo Brasil atualmente, que vive uma turbulência política talvez nunca vista. Dirão os estudiosos que eu estou ficando louco e que é exatamente o contrário: o totalitarismo se encontra em extinção, porém peço observar que uma linha tênue demarca a situação, haja vista que a democracia decantada aos quatro cantos não passa de um sonho que ainda não sonhamos, quanto mais realizamos.
O mundo está se curvando perigosamente à autocracia, que se apresenta através de grupos capitalistas e/ou ditadores isolados. Tudo é muito suave e quase imperceptível. Parece que cansamos da democracia tal qual ela foi desenhada.
Recentemente tivemos a eleição do republicano Donald Trump, que parece servir de balão de ensaio dos novos anseios da comunidade norte americana. Estão apostando no perigo. Confirmando todos os prognósticos, o senhor do topete saliente tem demonstrado que não estava brincando durante a campanha presidencial de 2016. A pouco menos de um quadrimestre no posto elevado da maior economia do mundo, ele tem dado amostras de que não está pra brincadeiras e não obstará em “apertão o botão da morte”, numa briga do tipo Game com outros loucos da humanidade atual, sedentos de atos beligerantes e sanguinários, do tipo Vladimir Putin, Kim Jong-un e outros ditadores.
O curioso é que os ditadores na formatação tradicional estão perdendo força e simpatizantes. Na América do Sul há um total descontentamento, com os ditadores expondo as mazelas dos regimes totalitários, impondo fome à população e mordaças à imprensa.
Agora inventamos um novo regime de governança: a ditadura do capitalismo, cuja insigne emblemática é a empreiteira ODEBRECHT, que com a sua estrutura oponente distribuiu as cartas dos negócios escusos ao longo dos últimos trinta anos. O espaço temporal coloca por água abaixo a assertiva de que a corrupção é uma tragédia emergente.
Todo regime totalitário é abominável na minha ótica. A democracia ainda é a melhor opção. Acontece que a bandidagem do colarinho branco deturpa tudo e transforma o ideal democrático em um mar de lamas que nos traz desalentos a todo instante.
Somos defensores da democracia, afinal somos nós que escolhemos que vai nos representar. Desculpem, não é assim que a banda toca, e ainda querem mexer um pouco mais nos nossos sonhos implantando a chamada lista fechada. O atual sistema de candidaturas não nos garante o título de donos do poder. Se observarmos, uma lista extensa de figuras sem qualquer pedigree para o desempenho de mandados legislativos e/ou governamentais, é apresentada ao povo nos períodos eleitorais. Tudo já é imposto pelos caciques e partidos políticos, cada vez mais podres e não representativos dos anseios populares. Com a adoção da lista fechada, aí sim, a coisa toma a configuração de horrores. Fica evidente que quem defende a lista fechada está querendo blindar figuras políticas contaminadas pelo ranço da corrupção e com a famigerada lista seria possível livrar a peles dos lobos que se revestem com peles de cordeiros.
A democracia dá sinais de fraqueza. Ela dá sinais de baixa imunidade, quando o vírus da corrupção e ganância pela riqueza fácil se apresenta como objetivos da maioria, com raríssimas exceções.
A humanidade corre risco de epidemia ditatorial camuflada em uma democracia que não existe.