Num encontro de amigos, um deles me flechou com uma pergunta fulminante: “porque você odeia tanto os políticos? Noto que você é sistêmico ao escolher essa classe como o seu Judas. Não a poupa de comentários e colocações pesadas, dando a entender que nenhum político tem o seu valor”.
Essa foi uma das melhores abordagens que recebi, porque me possibilitou tornar límpida a minha posição, com um ponto de vista pessoal, desprovido de qualquer rancor ou ânimo beligerante.
“Meu caro amigo, não odeio os políticos, mesmo porque não odeio a ninguém”. Este sentimento venoso não habita neste coração aqui. Eu troco o ódio pela desaprovação à maioria dos políticos (veja bem, maioria e não a totalidade). É evidentes que temos no meio político pessoas sérias e que têm honrado os votos que as sufragaram. Acontece, porém que a perversidade dos políticos tem sido a regra quando deveria ser a exceção, ou nem existir.
Os danos que os maus políticos têm causado à sociedade são de uma dimensão imensurável que só cabem num pensamento não crítico, levado pelo posicionamento alienado e doentio que insiste em habitar em algumas pessoas. Espero não está magoando os sensatos, pois esses perceberão e entenderão o que estamos querendo dizer.
As eleições de 2018 se avizinham. Com elas, as nossas esperanças se renovam, e aí temos a possibilidade de mudar alguma coisa com a escolha do melhor. Temos de estar cientes de que a nossa responsabilidade é enorme, pois se não estamos satisfeitos com o que está aí, não esqueçamos que fomos nós que escolhemos os atuais políticos para nos representar, seja no Planalto, ou no Congresso Nacional.
A democracia, o sistema que escolhemos e nos orgulhamos dele, é cheia de mazelas e imperfeições, sendo a primeira delas o paradoxo do governo do povo. A ideia básica é que o poder emana do povo. Essa é a premissa constitucional. Acontece, porém que o povo não emana poder algum. Em lugar disso, passa um cheque em branco e entrega aos políticos, que invariavelmente não tem respaldado os anseios populares, preocupados que estão com o corporativismo reinante que tanto estrago tem causado.
Achei muito pertinente e sólida a posição do nosso amigo Melcíades José de Brito, amigo e ex-colega do Banco do Brasil, quando ele crava: “Porém, na minha visão, o nó da democracia é o eleitor que não pensa. Aquele que, na época da campanha, quer levar vantagem. Esse eleitor faz parte da massa com poder de eleger qualquer candidato. O voto é negociado e os espertalhões pagam caro por esse voto para poderem se eleger. A adoção do financiamento público de campanha não iria impedir a compra de voto. Ao contrário, tendo quem pague a despesa legal da campanha aí sobraria mais dinheiro sujo para subornar o eleitor. Do mesmo modo o voto facultativo. A abstenção iria às alturas no segmento dos eleitores esclarecidos, sobrando mais espaço para os espertalhões distribuírem vantagens para a massa que não pensa e que vê na campanha uma oportunidade de levar algum para casa”.
Esta análise é perfeita, no meu ponto de vista. Estamos no meio de um dilema, que somente o discernimento individual poderá salvar a lavoura. Sem contar que ainda experimentamos uma dicotomia ideológica burra e inconsequente, com dois times, um abraçando a direita perversa e nefasta e o outro a esquerda irresponsável e doentiamente ideológica, querendo colocar tudo num mesmo saco e segregando ao invés de unificar.
A escolha é nossa. Haveremos de buscar o novo e apostar nele. É nosso dever pesquisar exaustivamente o perfil de cada candidato. A renovação radical tem de ser em 2018. Figurinhas carimbadas não devem mais compor o nosso álbum. O parâmetro básico é o caráter ilibado. No lugar do ficha limpa devemos buscar o ficha imaculada (sem mácula de qualquer natureza), pois somente assim aparecerá uma luz no fim do túnel.
De minha parte já finquei pé: não escolherei quem já teve um mandato e não o honrou. E aí o crivo será rigoroso. Pisou na bola não tem perdão. Não podemos mais arriscar com base no discurso bonito e na ideologia prosaica. Vamos usar a inovação também na política e esperar o resultado.
José Ricardo é contabilista e servidor público aposentado