Quem esperava por uma bomba atômica de efeito devastador feitas a de Hiroshima e Nagasaki, teve que se contentar com uma bombinha caseira que nos causava desconforto do olfato, conhecida pelo estranho nome de “barbantinho cheiroso”. O vídeo de 22 de abril, de 2020, redescobriu o Brasil no seu aspecto decadente do ponto de vista institucional. Nossa república virou um “Cabaré de Odete”, com todo respeito à empresária do mundo da luxúria.
O temor da ala governamental era justificável, pois a pauta da fatídica reunião ministerial para tratar de um plano de recuperação da economia, do qual não participou o ministro da economia, que ainda ironizou o apelido dado ao falido plano, elaborado pela ala militar do governo, que se intrometeu em outro tipo de guerra da qual não tem nenhum conhecimento (a guerra econômica). Plano Marshall, na versão da ala ideológica foi, de pronto, refutada pela ala neoliberal, que tem a frente um aventureiro narciso, que não se cansa de enaltecer as suas virtudes, das quais duvidamos. No meio do bombardeio às nossas instituições o louco de Chicago disparou: “tem que vender essa porra logo” em referência ao Banco do Brasil. Segundo ele, o governo faz “o que quer” com a Caixa Econômica Federal e o BNDES. Já no BB, disse que “a gente não consegue fazer nada” e “tem um liberal lá”, o presidente Rubem Novaes”.
Já a ala de oposição, que se alinhou ao movimento morista da dignidade, da honra e da anticorrupção, apostava que o vídeo era a bala de prata na intenção deliberada de depor um presidente que tem pensamentos sombrios, características neofascistas, necro político e negativista, e esperava que fosse o fim da linha do bolsonarismo no Planalto. Tudo isso seria mais fácil se não fosse o advento da Pandemia, que tem merecido maior cuidado dos outros poderes, já que o Executivo não está nem aí para o grave problema que nos traz tanto flagelo. Insensatos, desumanos e aloprados, não tocaram, em momento algum, sobre tratativas de combate ao Corona vírus. À época (em 22.04) já contabilizávamos mais de três mil mortes e 45 mil casos. Hoje somamos a preocupante estatística de 330 mil contaminados e mais de 20 mil óbitos, e a única providência que o Governo tomou foi demitir dois ministros médicos e em seu lugar colocar um militar, sem nenhum conhecimento da área médica, apenas para assinar protocolo de liberação de medicamento desaconselhado pelo comunidade médica mundial e pela OMS. Claro que nenhum médico se passaria por esse constrangimento. Teria de ser um lambe botas para ser aliado dessa saga genocida. Ao final, num balanço de perdas e danos, vamos ter de apurar responsabilidades e punir as figuras que se destacaram na Pandemia por seu alto grau de perversidade e falta de empatia.
O conteúdo do vídeo, que é mais pornográfico do que pragmático, é de uma mediocridade surrealista, pois não haveríamos de acreditar que ao meio de uma pandemia que assola o nosso país e o mundo, fossem tratar de apoio ideológico A reunião tratou de assuntos estranhos aos interesses do País. Foram fontes de autoelogios às ações de cada pasta, ministros vociferando e destilando o seu ódio aos movimentos em favor de minorias, como os indígenas, para exemplificar. Ah, mas os seus inimigos não se restringem aos aborígenes. Para o angustiante Weintraub, o seu sonho é colocar os ministros do STF na cadeia, já que não pode defender a pena de morte por fuzilamento em praça pública, o que para ele seria o ideal. Ainda bem que não estamos numa guerra bélica, quando a pena de morte é respaldada pela nossa Constituição. Ele odeia tudo. Tem um coração petrificado pelo ódio. Triste figura!
Intercalando o vocabulário tosco e pornográfico do “mito capitão”, o vídeo registra a saga necrótica do ministro Sales, do meio ambiente, que defende morbidamente “ passar “a boiada” e “mudar” regras enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19”. Que pensamento macabro não? Quer dizer, o diabo age enquanto a cidade dorme.
Diz a Bíblia que satanás tem o poder de iludir as pessoas e se utiliza, sempre, de artimanhas emocionais e desonestas para conseguir seus intentos. O paradoxo do cristão Bolsonaro é escancarado porquanto ele inclui no combo de suas ideologias sectárias, família, Deus, Brasil, liberdade de expressão, livre mercado, e armamento. Opa! Armamento não deveria figurar nas prioridades do pensamento de quem defende valores humanos da convivência pacífica e fraterna! Os idólatras do Presidente vão ter de rebolar para aceitar armamento como valor positivo do convívio em sociedade. E é aqui que queremos focar todo esforço para entender o Bolsonaro. Ele é um defensor ardente de prosélitos em defesa do setor armamentista. Advogava que a sociedade deveria se armar para defender suas famílias e propriedades. A máscara caiu e quem a retirou foi o próprio, quando defende o armamento da sociedade para eventual combate com forças estranhas que ele, doentiamente, chama de comunismo. Uma loucura total e vale destacar que o PT viveu quatorze anos no poder, o MDB mais dois, e em nenhum momento a intentona comunista se apresentou para nós como ameaça real. Quer dizer, trata-se de um devaneio louco dessa turma doente que se ajoelha diante dos princípios asquerosos do cidadão da Virgínia, o autointitulado filósofo, Olavo de Carvalho. Na reunião dos horrores é fácil constatar ordens expressas do Presidente aos ministros da justiça e da defesa para que armem a população para uma eventual guerra civil contra os “comunistas”. Quer dizer, tá louco de jogar pedra o Presidente.
No enredo desse vídeo tirânico tem o que consideramos mais grave: uma ala militar aplacando ideais bélicos de confronto civil, destoando com o que preceitua a Constituição Federal. Esses senhores de oliva nos envergonham. Mancham a instituição que tem papel constitucional fundamental para o Brasil, portanto não devia se prestar a esse papel dantesco.
Quer dizer, reivindicado para confirmar as alegações do Sérgio Moro, o vídeo expõe o ambiente degradante que é uma reunião do Executivo. Nossa República está sendo maltratada. Não merecemos esse castigo, ou merecemos, diante de nossas (de alguns) escolhas. Quem achar bonito tudo que aconteceu, e que o linguajar chulo e promíscuo utilizado não é nada demais, que continue com essa posição, inclusive adotando-o no seio familiar, se assim o desejar. Tem todo direito.