Esse modelo está na berlinda e decorre de vários fatores, que alinhados nos conduziram a essa realidade. Definitivamente o modelo democrático de governar nunca foi o forte da direita no mundo. No Brasil, isso fica patente, quando notamos a raiz ditatorial dos governantes e seus adeptos, no tocante às relações políticas da sociedade.
Pior do que tudo isso, estamos experimentando um novo modelo, cria da filosofia bolsonariana, que busca implacável e vergonhosamente criar uma bolha de segregação envolvendo alguns segmentos da nossa sociedade, como os agropecuaristas, os evangélicos, cristãos fundamentalistas, militares do alto escalão, fabricantes de armas e analfabetos funcionais, que abraçaram a causa do recrudescimento contra tudo e contra todos que ouse desafiar o poder instalado.
Longe de ser idiota, esse grupo instalado passou a perna nos espertalhões da esquerda inoperante, que se fechou na sua bolha de interesses e se esqueceu de vigiar as ações de uma direita neofascista, que não mede esforços para angariar a simpatia de simplórios, religiosos e falsos moralistas da nossa sociedade, os ditos cidadãos de bem.
E aí ficamos nesse fogo cruzado, em uma dicotomia da direita x esquerda e com isso perdemos todos nós, pobres mortais que por vezes somos ludibriados com as intenções maléficas de grupos inescrupulosos.
Esse processo de desmonte e maldades se inicia já no governo do Temer e se estendeu aos meandros do ideal neofascista, enraizado na mente de um velho político, que durante trinta anos nada entregou de positivo à sociedade, e numa posição de escárnio se apresenta como o político novo. Pura balela, pois de novo mesmo somente o público alvo das benesses direcionadas, com o prejuízo claro da maioria da população de um país predominantemente pobre. Tudo se resume em uma fala do atual presidente: “o empregado precisa escolher entre ter trabalho e ter direitos”. Ou uma coisa ou outra. As duas, nem pensar. Isso resume o pensamento neofascista do atual presidente.
A culpa é da esquerda. Ela se portou com uma infantilidade sem precedentes. Cresceu os olhos no bolo e pensou que poderia se perpetuar no poder. Lerdo engano. Faltou astúcia e caráter aos caciques de esquerda, especialmente ao projeto petista, que colocaram os tubarões sentados em colchões confortáveis, representados pelos cofres públicos com suas torneiras abertas a saciar a sede de uma turma insaciável.
Todo esse caminho minado foi despertando a população, que derramou toda a sua fúria no conglomerado petista, culminando com a derrubada da Dilma Rousseff e um projeto arquitetado para impedir que o Lula retornasse ao poder. Tudo planejado e arranjado. A sangria tinha de ser contida a todo custo. Nesse contexto, perderam a ética e os valores democráticos. As pedaladas fiscais, bode expiatório que derrubou a Dilma, estão longe de serem argumentos válidos comparados aos indícios de crimes, ligações com milícias, desvios de verbas públicas, caixa dois, nepotismo, fisiologismo, e uma família palaciana abaixo de qualquer suspeita.
Vivemos um momento de desconstrução, atraso, recrudescimento da autocracia, sob a batuta de um déspota que não escondeu de ninguém as suas reais intenções. O curioso é que no emaranhado de ações nefastas, o governo se divide no neoliberalismo de Paulo Guedes e na ideologia ultradireitista de Bolsonaro, alinhada com a ala retrógrada da equipe governamental, sobretudo no campo diplomático, na educação, nos direitos humanos, no meio ambiente e na agricultura. A turma está pintando e bordando, sob o olhar inerte de um povo ameaçado em seus direitos básicos.
As ações práticas do governo mais parecem ensaios desnorteados. Não existe um rumo, um plano, uma direção a seguir. Colocaram o barco à deriva e não sabem qual será o resultado.
Paro e penso: a direita tem um projeto permanente para o Brasil, que é o de manter o povo desinformado e com isso garantir a subserviência do grosso da sociedade ao poderio econômico. Não interessa a ela (direita) que o povo se eduque. Isso fica patente no governo atual, quando tentam colocar no Ministério da Educação pessoas totalmente alheias aos ditames educacionais. Tentaram com o colombiano Ricardo Velez Rodrigues, um cidadão que mais parecia um cachorro quando cai de mudança nas tratativas do plano para o seu ministério. Bom, já que esse não serve, vamos colocar um pior. Aí escolheram uma figura desprezível, na pessoa do Sr. Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub. Nossa! Esse se supera na mediocridade. Então, com uma figura dessas comandando a educação, o resultado não pode ser outro a não ser o retrocesso à idade média. Esse é o propósito: manter o povo na ignorância sistêmica, e assim a elite não é ameaçada. Pessoas esclarecidas dificultam as ações da burguesia. Esta vende caro o seu espaço na nossa sociedade.
A esperança é que tudo se constitua num modismo e que as esquerdas se unam em torno de um projeto único que possa recolocar o Brasil nos trilhos, expurgados, é claro, políticos manchados com a lama da corrupção. Haveremos de escolher a dedo, sabendo que isso não é tarefa fácil diante da baixa credibilidade e confiabilidade que detém os políticos atuais.
De outra forma, se entendermos que tudo isto que aí se encontra é o melhor para o Brasil, aí não teremos alternativas a não ser a morte por asfixia ideológica. Nesse contexto, ditadura e extremismo nunca mais. Também é preciso fiscalizar, de perto as intenções de aumento da desigualdade. É uma batalha e tanto, sobretudo porque o inimigo mora ao lado. Ou melhor, ele é que dita as normas nesse momento crucial da nossa República.