Para alguns a verdade é dura feita pedra, machuca como uma navalha e mata como uma arma mortífera. Dói como uma ferida que teima em não cicatrizar. A verdade é a autenticidade dos fatos, que todos queremos mesmo receosos dos efeitos devastadores que poderão advir.
A verdade, em duas faces, na maioria das vezes intragável para o receptor e constrangedor para o emitente. Precisamos fazer uma pergunta: “porque a verdade é tal difícil de ser digerida”? Será que sempre estaremos prontos e abertos a ouvi-la? Existem situações em que chegamos ao fim da linha imaginária da responsabilidade e o que nos resta é trazer à tona a verdade. Aí, quem diz e quem ouve vai precisar se revestir de serenidade tal para que feridas não sejam abertas na alma, pois quando a verdade envolve pessoas próximas, os danos se apresentam de maneira irreversível.
Ao longo da estrada da vida iremos sempre nos deparar com situações, onde somente cabe uma atitude: assumir ou falar a verdade doa a quem doer. O receio da verdade decorre da insegurança que a dúvida da aceitação pode causar. A verdade nua e crua coloca tudo em pratos limpos ou “baldeia” a água da amizade ou do relacionamento. Quando ela emerge de forma acidental nos casos em que a opção pela ocultação foi escolhida, os prejuízos são enormes, haja vista a ruptura do elo da confiança.
Precisamos todos exercitar a tolerância para ouvir verdades. É um exercício fácil? De jeito nenhum. Sempre gostamos de nos enganar com a sensação de que tudo está as mil maravilhas. Pra que ouvir verdades se elas não me fazem falta? Deixa como está pra ver como é que fica. O tempo se encarregará de trazer a verdade. Estamos errados pensando desta forma simplista. A verdade liberta a angústia, não obstante ter a capacidade de arrebentar com a vida. Que paradoxo estranho!
Entre a cruz e a espada, a decisão é nossa. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”(João 8:32). A frase bíblica é a bússola que pode nos guiar até a plenitude da nossa tranquilidade espiritual.
Podemos relutar em ouvir ou proferir verdades. Costumam dizer, por modismo, que não existem verdades, com o que não concordo. A verdade é a virtude dos bons. A realidade, ao contrário da falsidade ou da mentira, reforça as correntes de uma amizade ou relação duradoura. Podemos, com cuidado e sensibilidade, buscar a verdade mesmo sabendo que ela pode “te ferir de morte”.
A verdade prevalece, agita e acalma. Ela é o placebo que cura as feridas que a mentira abre. A nós, cabe a escolha da cura, procurando a difícil arte de sempre trazer a verdade a tiracolo, assumindo riscos de um descontentamento momentâneo e passageiro.
Regra geral, não gostamos da verdade, principalmente quando diz respeito a nós. Entretanto ela é fundamentação em todo tipo de relação.