No discurso de posse de Donald Trump no cargo de Presidente dos Estados Unidos da América, ficou enfatizado que a palavra de ordem do seu governo é America First, ou seja, América Primeiro. Em outras palavras, sempre em primeiro lugar a América do Norte.
É natural que o Presidente pense assim, até porque todos pensam igualmente quando se trata de defender seus próprios interesses ou os do seu país. Ninguém quer ficar subalterno a ninguém. Todavia, há uma maneira adequada para se dizer isto e essa não foi a utilizada pelo Presidente.
O Presidente não simplesmente disse, mas afirmou enfaticamente e com arrogância: “Vamos decretar para todas as cidades do mundo ouvirem, (…) a partir de hoje, só será: a América, primeiro!”. A forma de expressar-se traduz claramente que passará por cima dos direitos dos outros países para fazer valer a vontade e os interesses americanos.
Disse Trump: “Todas as decisões sobre o comércio internacional, as taxas, a imigração, os assuntos estrangeiros, serão tomados em benefício dos americanos. Devemos protege nossas fronteiras dos estragos de outros países que fabricam nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos”. O mundo todo ficou avisado. É a América quem manda.
Demonstrou também ser hostil a outros povos, especialmente aos mexicanos que os chamou de estupradores. Empregos no país é para americanos. E já se movimentou nesse sentido, determinando construir muro nas suas fronteiras com o México, embora na contramão da história, quando já foi derrubado o muro de Berlim.
Estamos penetrando numa era de nacionalismos. O líder chinês Xi Jinping defendeu recentemente em Davos uma economia aberta e global. Ele sabe que a economia chinesa e a estabilidade do regime dependem disto.
O sonho é “tornar a China grande de novo”. Enquanto isso Donald Trump anuncia que não cumprirá convenções internacionais, que as empresas nacionais deverão produzir em solo americano, que quer tomar o petróleo iraquiano, tudo em defesa do protecionismo da nação.
A forma como os representantes destes e outros países falam do estado atual das relações internacionais é, em vários aspectos, mais evocativa do século XIX, quando as grandes potências soberanas perseguiam apenas os seus próprios interesses. O sonho da “America first” se enquadra perfeitamente nesse modelo.