O tempo passa e nada muda. Estamos vivendo a fase dos loucos e alienados, e constatamos que pouco, muito pouco mesmo estamos fazendo para mudar esse estado de coisas.
Justificadamente ou não tiramos do poder um grupo que veio com um idealismo bonito na teoria, mas que na prática não passou de artimanhas proselitistas para beneficiar um ideal. As eleições de 2014 acentuaram o espírito radical de duas camadas da sociedade: A direita e a esquerda.
Sentimos orgulho do pensamento neoliberal, que tenta vender a ideia de que os bens de produção devam ficar nas mãos dos “competentes e empresários”, estes sim, é que devem tomar as rédeas do desenvolvimento. Curiosamente, sem justificativa alguma, esse pensamento tem a simpatia de alguns proletários, que se constrangem em discordar do arrocho planejado a que é submetido, isso porque é cavernoso não apoiar o que acham diferente do seu pensamento. O País está rachado.
Por outro lado, um grupo indevidamente rotulado de socialista quis impor ao País um pensamento do tipo Robin Hood, com viés de comunismo. Esse grupo, que inicialmente passava a ideia de seriedade, justiça, perdeu-se e sujou-se com a própria lama que o patrocinou. Sei que muitos partidos, e não só o PT, implantaram no País a República dos Corruptos, mas foi o PT que teve as chances nas mãos de colocar o Brasil em trilhos decentes e não o fez. Pelo contrário, sobre si pesam severas críticas de causador do caos que se instalou entre nós, patrocinando a incompetência e a corrupção.
Antes de qualquer reforma precisamos reformar a nossa percepção política. Não podemos nos alinhar a nenhum pensamento atual de se fazer política. O pensamento está corrompido e ainda nas mãos de caciques poderosos que, com suas astúcias, conseguem colocar no sistema os seus descendentes e aí o pensamento continua o mesmo.
Esse sistema que aí está, encontra-se exaurido. Não tem mais credibilidade. O jovem de hoje, olha para a situação reinante e não ver perspectivas de uma melhora no futuro. E nós, de outras gerações passadas temos uma responsabilidade enorme no processo porquanto tendemos a apoiar, de certa forma, as ideias maléficas dos atuais políticos. Isso porque criamos a logomarca própria de que é preciso apoio ao que achamos “menos ruim”. Lamento pontuar que nesse meio não tem o “menos ruim”. Todos são péssimos e são medidos pela mesma régua, a da mediocridade. O sistema faliu antes de pedir concordata.
Querem ver o meu embasamento? O governo anterior não caiu pelas pedaladas fiscais. Isso o mais inocente sabe. Caiu porque foi maculado pela corrupção sistêmica que se instalou no País. Pois bem, assume o vice, com os mesmos pensamentos e aí o que se verifica: o seio do atual governo está minado por cinco ministros delatados na Lava-Jato e achamos isso tudo natural, até que se prove que os cidadãos têm ou não culpa no cartório. Sem falar no atual mandatário presidencial, que também possui indícios de atos corruptos. E o apoiamos. Quer dizer: tiram um corrupto do teu lado mas colocam um do meu. Isso é plausível meus amigos?
Antes da reforma da previdência, do trabalho e das relações trabalhistas, precisamos de uma reforma que nos restabeleça a vergonha, se é que já a tivemos um dia. Tem gente aplaudindo as reformas contundentes sem pensar nas consequências. Dirão alguns que as reformas são necessárias. Eu também penso assim, mas antes de tudo vamos reformar o pensamento político. Hoje ficamos nas mãos de tecnocratas especialistas em propor medidas em momentos de crise. Eles ressurgem das cinzas. Eis que de repente aparecem esses senhores com planos mirabolantes, que com certeza agrada, em muito, a classe mais forte e poderosa do sistema socioeconômico. A relação que se estabelece é a do tipo “ganha x perde”.
Essas reformas propostas e aplaudidas pela classe empresarial deveriam ser precedidas de uma reforma da ética, da moral e de humanidade. Eu não consigo abraçar uma ideia só porque ela apresenta soluções para resolver apenas as mazelas de um determinado lado.
A reforma de que precisamos é dentro de cada um de nós, para nos posicionarmos contra ideias que nos induzam ou tendam a nos atingir em cheio. Atualmente até abraçamos uma ideia diabolicamente prejudicial a nós mesmo, e aí o nosso ego maldito e insano tende a nos corromper a ponto de abraçarmos causas nocivas para não ferirmos o orgulho próprio.
A reforma de que precisamos está dentro de cada um. Façamos uma limpeza geral de tudo que o atual sistema político nos emprestou. A reforma de que precisamos encontra-se distante das nossas discussões polarizadas e doentias, por vezes, por vezes abrindo cicatrizes profundas nas relações interpessoais.
As reformas de que precisamos vão além das leis criadas por interesses de determinadas classes. As reformas de que precisamos passa pela coragem de debater os assuntos sob o prisma da racionalidade, deixando os pensamentos imutáveis e arraigados de lado.
As reformas de que precisamos têm de partir da base da pirâmide social e não do pico. Para isso, precisamos abandonar velhos ranços, banir a dicotomia perversa que coloca os nossos olhos sob vendas da irracionalidade. Enquanto isso não acontece, não me contento com migalhas, passando a apoiar grupos ditatoriais de prosélitos e interesses escusos.
As reformas de que precisamos começam por mim, por você, e por quem realmente vê as coisas do ponto de vista holístico, abandonando a viseira que limita e impede o olhar em trezentos e sessenta graus.