O ex-governador Sérgio Cabral pediu desculpas ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, durante audiência nesta terça-feira (8), no Rio. Na última audiência com o juiz, o clima ficou tenso depois que o ex-governador citou que a família de Bretas era envolvida com o negócio de joias, o que foi visto como ameaça pelo magistrado.
“Até me exaltei naquela situação, peço desculpas”, disse Cabral. “Está superado”, respondeu Bretas.
“Não há nada meu contra o senhor, essa história de dossiê. Pode acreditar em mim, ainda mais preso. Jamais faria isso. Acredite em mim. Isso é um terrorismo praticado por alguém maldosamente”, afirmou Cabral a respeito da investigação da Polícia Federal sobre supostos dossiês que teriam sido financiados pelo ex-governador.
“Se é que existe não está comigo”, respondeu o juiz.
“Não espero que o senhor chegue aqui feliz da vida, o que não afasta o respeito que deve a mim. Em relação ao senhor partindo de mim e vice versa”, acrescentou Bretas.
“O senhor nunca faltou com respeito comigo”, respondeu Cabral.
Bretas também afirmou que a decisão de pedir a transferência de Cabral a um presídio federal- negada pelo ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal (STF) – foi motivada por informações anteriores ao desentendimento na audiência.
Caixa 2
Cabral também afirmou que a campanha do governador Luiz Fernando Pezão recebeu recursos em caixa 2 do empresário Miguel Iskin.
O ex-governador foi questionado pelo juiz sobre se tinha conhecimento de que o ex-secretário Sérgio Côrtes angariou recursos com Iskin. “Foi uma coisa de que não participei, mas em 2013 procurei o Iskin para a campanha de 2014. Para eu coordenar a campanha, fui o coordenador de diversas campanhas. ‘Temos uma parada dura pela frente, majoritária da minha sucessão, vou sair em abril de 2014 e precisamos pagar a pré-campanha’. Não falo com nenhum orgulho”, disse Cabral.
“Nunca pedi propina, sempre pedi apoio à campanha. Nesse caso ele foi receptivo à ideia e nos apoiou com alguma coisa em torno de R$ 3 milhões, entre 2013 e 2014. Sendo R$ 2,5 milhões em caixa 2 e R$ 500 mil para um dos partidos da coligação da minha sucessão”, acrescentou.
Perguntado pelo G1 sobre o suposto caixa 2 em sua campanha, Pezão afirmou que nunca ouviu falar sobre o tema.
Fonte: G1