Pelo menos dez presos foram assassinados durante uma briga entre facções criminosas na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal – RN), que começou na tarde deste sábado (14). A informação foi confirmada pelo governo do Estado por volta das 23h40. Não há, por enquanto, registro de fugas ou reféns.
O juiz de Execuções Penais de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos, disse que gravações dos presos já mostram “várias cabeças decapitadas espalhadas no pátio” do presídio. “Relatos de agentes e policiais falam que eles já destruíram o bloqueador de celular e estão controlando todos os pavilhões.”
Para Henrique Baltazar, a situação era “previsível”. “Desde março de 2015 que há pavilhões com celas sem grades. Então, dentro os presos já comandavam. O Estado controlava só os muros”, disse. “Alcaçuz é semi-destruído e agora eles devem terminar de destruir. Sempre houve notícia de que eles tinham armas lá dentro. Não é de hoje”, acrescentou o juiz.
Segundo o magistrado, o presídio Rogério Coutinho Madruga, inaugurado em 2011 no mesmo terreno de Alcaçuz, era onde estavam mantidos presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), enquanto o pavilhão 4 da unidade vizinha é reduto do Sindicato RN, facção ligada ao Comando Vermelho.
Segundo o governo do Rio Grande do Norte, a rebelião teve início por volta das 17h, quando presos do pavilhão 5, chamado de Presídio Rogério Madruga Coutinho, invadiram o pavilhão 4 para matar rivais. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) esteve no local tentando controlar a situação. A rebelião não atingiu os pavilhões 1, 2 e 3.
Superlotação
Maior presídio do Rio Grande do Norte, Alcaçuz está superlotado. Com capacidade para 620 internos, conta atualmente com cerca de 1.200 presos. A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e Primeiro Comando da Capital (PCC).
A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz e os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão custodiados nos pavilhões 1, 2, 3 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.
“Não há nenhum agente penitenciário refém. Quem trabalha no pavilhão 5 conseguiu sair a tempo. O clima ainda é muito tenso porque a rebelião não foi controlada, os policiais e agentes estão entorno do muro para garantir que não haverá nenhuma fuga”, destacou Batista.