
Ah! Como é fácil falar de corrupção nesse País. É um tema recorrente, com vasto material disponível e experiências reais vivenciadas, que qualquer um pode discorrer sem medo de cometer enganos.
O finalzinho de novembro de 2016 assinala na nossa história acontecimentos trágicos e preocupantes. Ainda não aplacamos a alma, tão castigada, espezinhada, maltratada e aniquilada, pelo trágico acidente aéreo que vitimaram desportistas, deixando cicatrizes que não fecham fácil. A dor ainda é grande, a comoção também, entretanto amaciada pelo alto espírito de solidariedade testemunhado a cada instante, o que nos enche de esperança por um orbe melhor.
Pois bem, mesmo com essa nuvem negra que nos circundou nessa semana, um grupo sorrateiro, diabólico, com endereço certo na Câmara dos Deputados, onde uma maioria significativa abusou da prerrogativa de legislar em causa própria, dilacerou, triturou e desfigurou o texto original de 10 propostas de combate à corrupção, com o respaldo de 2 milhões de pessoas, que poderiam ser 200 milhões se a ação de assinaturas fosse estendida por mais tempo.
Tive o tempo e toda paciência do mundo para esmiuçar a proposta do MPF e o esfacelamento patrocinado pelos deputados, que na calada da noite, entre raios e trovões, com uma velocidade somente comparada a do velocista jamaicano Usain Bolt. Esse foi destronado. É muita cara de pau, agora liderados por um ingênuo cara pálida, a prole do conhecido Cesar Maia, cacique político, ex-prefeito da cidade maravilhosa do Rio de Janeiro.
Sinceramente, uma proposta para o fechamento do Congresso, não é de todo absurda nesse crítico momento da política brasileira. Nada de se falar em golpe contra a democracia, esse modelo ruim e falho, mas que, no entanto permanece em vigor, porque os demais sistemas são precários e indesejáveis. Conseguem ser pior do que a democracia, o governo do povo. Acontece que os “ratos” corromperam o conceito básico de democracia. O Art.1, parágrafo 1 da CF, precisa de emenda com urgência. Já não guarda consonância com a realidade.
A votação à surdina sugere um acordão. É incrível e notório o estado de pavor que tomou conta de mais de 50% dos membros do Congresso Nacional, todos com vestígios de atos impróprios no desempenho de suas funções parlamentares. Ousaria dizer tratar-se de uma “quadrilha parlamentar” em prol dos malfeitos. Uma verdadeira “Câmara de Ratos”.
Dilaceraram o excelente texto das 10 medidas do MPF. O “rato” mor fez de tudo para votar as atrocidades cometidas pelos “ratinhos”, no plenário do Senado. Sua derrota foi acachapante. Conseguimos acreditar ainda em alguns senadores, mas sei que a qualquer momento eles podem nos decepcionar. Quem leu os destaques apresentados pelos partidos protagonistas das costuras ao texto original, não pode ter esperança de melhores dias. Onde já se viu o PT e o PSDB defenderem a mesma ideia em votações no plenário? É o fim do mundo.
Quem não se lembra da conversa vazada de Romero Jucá? Até hoje ainda persiste a ideia de “estancar a sangria”. Estão tentando por em prática o grande projeto de salvar ratos. Acontece que os “raticidas” estão em plena atividade e não têm dado vida fácil para os “roedores da nação”. Se por um descuido dos bons atos aprovarem as mutilações ao texto original das medidas anticorrupção, vem o provável veto presidencial, e por último a intervenção do STF, que por muito menos vem intervindo em questões que atendam aos anseios da sociedade, não obstante ter um elemento lá muito suspeito.
Fiquemos atentos, isentos de questões partidárias, porque está evidente para todos: “os ratos se uniram e não atuam sozinhos em autodefesa dos buracos”. Sabem que precisam de coalizão para salvar suas peles.
Por fim, uma triste constatação: “esse governo provisório está contaminado”. Mas esse é um assunto pra outro “Ponto de Vista”. “Ando devagar porque já tive pressa…”.