
O busca incessante por uma religião que aplaque o espírito e a alma é uma ação pra lá de benéfica. E aqui gostaria de conceituar religião como algo diferente do que o entendimento majoritário domina.
Imagino o início de tudo, e parece que o círculo em que se constitui a existência humana se completa e se renova num ciclo permanente, tênue, quase que imperceptível. Nesse cenário, as percepções sofrem metamorfoses marcantes, invariavelmente marcadas pelo modismo e pensamento fútil.
Temos o maior receio de ser encarados pela sociedade como caretas retrógados. E aí estupramos as nossas convicções em prol do entendimento majoritário. Nesse contexto, aceitamos tudo. Discordar não é politicamente correto. “Pra os diabos o conceito do politicamente correto”. Não querendo ser diferente da tribo, pauto sempre o meu entendimento naquilo que me traz satisfação, talvez movido pelas ações da dopamina que carregamos claro, tudo de forma dosada para não se tornar viciante.
Sou cristão de carteirinha, entretanto cheio de imperfeições próprias dos pecadores. Buscarei alcançar a santidade, propósito de Deus para todos nós. Fica a ressalva de que ainda me encontro num estágio de sofrível iniquidade quando o assunto é a santificação. Entendo que poucos que foram lançados nesse orbe turbulento conseguem o estágio da divindade cristã. Papo chato, porém dentro de um contexto customizado.
Assistimos hoje as grandes lideranças religiosas procurando customizar, cada vez mais, a sua condição cristã. E aí usam de todas as ferramentas disponíveis, contando com a benevolência da fé dos seguidores. Hoje existem padres “pops stars”, “pastores estrelas” e “seguidores doentiamente apaixonados” pelo dogma da sua igreja, como se o Cristo de cada uma tivesse a customização do seu meio. O objeto não é Cristo e sim a supremacia da igreja. Nessa disputa da fé, a ética é o que menos importa. Sutilmente vemos algumas alfinetadas de religiosos em defesa da sua doutrinação. Temos casos em que até adulteraram o livro sagrado, colocando-se a vírgula onde acharam que deviam colocar, apenas para justificar suas crenças. Todas as denominações estão em busca da sua customização.
Somos bombardeados de “crenças” todos os dias. Nesse ambiente de conflitos de ideias só nos resta vivermos com leveza e respeito mútuo, não nos prendendo a conceitos arraigados, preconceitos tolos e paradigmas herdados desde a infância.
Ficamos arredios aos preceitos ditados e exemplificados pelo Líder Maior da nossa crença. Ele sempre pregou o amor incondicional. Nós costumamos dizer: “eu não sou Cristo, portanto não tenho de amaciar os malfeitos dos outros”. É evidente que não devemos aceitar o que não é saudável, agora segregar o teu “irmão” não é “autorizado” mesmo na tua concepção cristã.
Fico a vontade para defender esse pensamento porque também não consigo me assemelhar ao Mestre. Esse ufanismo não me acompanha, muito embora entenda que esse é o propósito do Soberano para todos nós. Ele nos moldou a isso. Nós é que ainda não entramos na forma. Ele diz: “perdoe para ser perdoado”. E nós: “quero que apodreça na cadeia, defendo pena de morte e outros desejos aviltantes”. “Não sou Cristo para perdoar” Num mundo cada vez mais egoísta e narcisista, fico imaginando que não vai ser na minha existência terrestre que irei saborear essa dádiva.
Somos autênticos cristãos? Para responder a essa pergunta teremos de nos perguntar: sigo os ensinamentos do Mestre? Se não conseguimos responder a essa simples indagação, esqueça. Somos apenas cristãos customizados pelas nossas percepções do que é certo e o que é errado. Estamos longe o ideal cristão.
Ficamos alegres e mancomunados com aqueles que conseguem transmitir o mínimo de espiritualidade. Para outros tudo isso é bobagem, arcaico e cientificamente reprovado. Não me importam as crenças, os ceticismos e a ciência. O primordial é que estejamos sintonizados com as energias positivas, que sevem de condutoras da saúde física, mental e espiritual. O resto é bijouteria.