Como neuropsicólogo tive sempre muitas pessoas em meu consultório queixando-se de “falhas” na memória. Devo dizer que em 95% dos casos elas estavam erradas. O problema não era a sua memória que falhava mas como a usavam.
Existem muitos tipos de memória. Nós, os clínicos, classificámo-las através de diversos tipos desde a memória imediata à memória de longo prazo que depois se dividem em memórias episódicas, autobiográficas e semânticas.
As perturbações da memória são inúmeras. Mas a maioria das queixas devem-se a outros factores: falta de atenção na hora do registo, stress, ansiedade (um terrível inimigo da memória), sono, cansaço e tantas coisas mais (incluindo certos medicamentos).
Para registarmos em memória algo que nos interesse, podemos recorrer a diversas medidas. Uma delas chama-se “efeito bizarria”. Significa que memorizamos com muito mais êxito aquilo que contenha alguma excentricidade associada. Mas o que significa isto?
Quer dizer que, se utilizarmos uma imagem mental bizarra como estratégia mnemónica, associando-a a um assunto para memorizar, o sucesso está mais garantido. É assim que fazem os campeões de memória em todo o mundo. Eles não memorizam diretamente como fazemos quando guardamos um número de telefone. Eles usam imagens mentais (uma cadeira arco-iris, por exemplo) para memorizarem uma palavra ou um algarismo.
Os elefantes não são cor de rosa. Verdade. Mas se usarmos uma imagem similar (na sua excentricidade) para nos lembrarmos de algo, teremos mais hipóteses de ser bem sucedidos.
É que nós memorizamos por associação. Então, associe uma imagem desse género a uma memória e ela vai colar-se na recordação (evocação) que mais tarde usará mais facilmente para se lembrar de um assunto.
No nosso cérebro, onde processamos tanta informação, a associação (de ideias, pensamentos, memórias, etc.), é que permite que as coisas estejam ligadas quando, por exemplo, escrevemos, falamos ou tentamos dar respostas que façam sentido (por exemplo, num exame).
Nelson S Lima
Neuropsicólogo Clínico