Miro o espelho! Ali refletida um a imagem. Um rosto, tão somente um rosto. Sisudo ou alegre, ali está um rosto. Rosto! Por detrás de ti existe uma complexa rede de situações. Toda uma crença; toda uma identidade, cujo caráter foi construído ao longo de uma existência. Olho pra ti e viajo numa espaçonave imaginária. Quantas ocorrências! Tudo se armazena, por vezes ficando no arquivo morto, até que um dia, como que num passe de mágica, abrimos a gaveta de um arquivo em desuso e tudo vem explicitado.
Nossas vidas se encontram em um grande espelho, onde “lsmall mirrors” são compartilhados, constituindo um acervo fenomenal para divertimento ou nostalgia da alma. Há uma grande convergência dos acontecimentos do percurso de uma vida.
Lembranças, delírios, devaneios. Alegrias, tristezas, rancores, júbilo. Ódio, amor, ócio e altivez; pensamentos mesquinhos, mentes doentias, preconceito, arrogância, prepotência, soberba. Lembranças…
Um verdadeiro arsenal de acontecimentos encontra-se em nós, levando-nos a verdadeiros desafios de quebrarmos os espelhos que concentram a negatividade, patrocinando a varredura de conceitos e paradigmas arraigados.
Como é difícil a vida. Como é fácil a existência. Tudo depende da disposição de quebrarmos espelhos danosos, construindo uma nova identidade voltada para a leveza, a bondade, a candura e a paz.
A vida tem me ensinado muito. Nunca me dou por satisfeito. Sou um aluno da vida e pouco sei. A sede do saber da alma me consome alguns minutos. Como é bom conversar comigo! Tenho em mim o meu melhor interlocutor, onde interrompo o diálogo ou aumento a voz sem prejuízos de arranhaduras do relacionamento. Com essa atitude vou aprendendo aos poucos que a vida é como um espelho e diferente deste quando olhamos com um olhar adverso do narciso.
Muita maldade, covardia, inverdades, pedantismo, tudo isso precisa ser triturado em partículas advindas da quebra de espelhos danosos. Aí, olha-se a nova imagem. Ela reflete uma nova identidade. Espera-se um clima de harmonia, bondade, e, sobretudo de muito amor, desprovido do egoísmo que tem prevalecido, onde o amor próprio está tomando o lugar do amor ao próximo, denotando uma apostasia da essência do bem que devemos ter em nossos corações, tão sacrificados e por demais castigados.