Felizmente não estamos mais vivenciando a dicotomia dos tolos, que em tempos recentes desfilavam suas convicções nos espaços das redes sociais. Direita X esquerda, socialismo X capitalismo, todas essas nuances ficaram em segundo plano, por uma razão simplória: “ninguém ousa mais defender os seus bandidos favoritos”. Todos estão num mesmo patamar de excreção política, agora escancarada com a delação da Odebrecht, que torna público os nomes de suspeitos, agora com um ingrediente inovador: uma lista de cognomes, que não conseguiu ocultar os portadores das acunhas engraçadas dadas as semelhanças com os reais protagonistas do circo que instalaram em Brasília.
“Caju”, muito fácil o código nada enigmático. Trata-se de Jucá de trás pra frente. Aliás, todos se lembram desse senhor, que desempenha papel de destaque na chamada “estancar a sangria”. Não pretendo cansar nossos leitores repetindo aqui os apelidos da famosa Lista de Schindler, sob a proteção dos três poderes, com a regência do cacique alagoano Renan Calheiros.
Desfilam na berlinda uns trezentos nomes e codinomes, o que determina uma missão quase que impossível para a Lava Jato, que agora se depara com nomes importantes do PMDB e PSDB, ambos aliados de um grande projeto de sobrevivência política, beneficiados com a atitude de um STF acovardado e que define os conflitos político-econômicos com base no termômetro do cadeirão da política da conveniência. Quem se gabava da ausência de tucanos na lista de prováveis deve está com a língua em labaredas. Por alto contei uns quarenta nomes de tucanos, “santinhos do pau oco”.
Só esperamos que agora não passem a desdenhar da “república de Curitiba”, minimizando-se os efeitos da denúncia em delação da Odebrecht, pois onde há fumaça há fogo.
O Brasil é um grande navio, carregado de malfeitores, que se encontra à deriva. O governo instalado pela deposição da outra mandatária, que abusou de conchavos contábeis, está mais perdido que cachorro quando cai de mudança. Com um índice de aceitação de apenas 10%, está colocando o País numa verdadeira “roleta russa”, contando para isso uma legião de incompetentes e mal intencionados, caricatura de um Congresso Nacional que fosse capaz de referendar os anseios da nação, atônita diante de tantos descasos.
Amigo partidário ou adepto de situações convenientes, não solte fogos pelos seus respectivos ídolos políticos nem por seus ideais republicanos. A bomba pode explodir na sua mão.
O Supremo perdeu a supremacia. Desmoralizado por uma decisão eminentemente política, a Corte maior se submete às chacotas de todos os lados sob a estapafúrdia justificativa de se evitar um mal maior. Foge das suas prerrogativas como o diabo foge da cruz, sob o olhar desconfiado de um povo desprotegido sob vários aspectos.
Não sou vidente, nem tampouco mãe Diná. Vou aguardar os acontecimentos no cenário, esperando melhoras na economia, na redução do desemprego e entendimentos políticos que nos tragam certo alento.
Só fico com uma dúvida. As delações serão homologadas?