A pandemia do Coronavirus não só trouxe morte e desolação, trouxe também a
constatação da extrema pobreza que existe em todo o mundo e, em particular, no Brasil.
Os óbitos têm se apresentado em número muito elevado em alguns países, em número
menor em outros, mas crescendo em todos os lugares diariamente.
Embora as ações de defesa contra o vírus sejam múltiplas em todos os países em
que ele chegou, denota-se que nenhum deles se encontrava preparado para esse ataque ou
de qualquer outro de idêntica natureza, inclusive países de grande poderio econômico e
financeiro, a exemplo dos Estados Unidos da América do Norte, Alemanha e Inglaterra.
Tristes as imagens divulgadas por canais de televisão, de corpos insepultos e
deixados abandonados pelas ruas por horas e dias à espera do serviço funerário público,
como em Guayaquil, no Equador. Em Nova York, uma ilha antes utilizada por um
presídio, transformou-se em cemitério para as vítimas do vírus. Em São Paulo, o governo
mandou abrir centenas de covas num determinado local para receberem os corpos, quase
à semelhança de uma vala comum.
São cenas que mexem com os sentimentos das pessoas, que ficam privadas de
sepultarem seus mortos com dignidade, que se quer têm o direito de ver seus entes
queridos depositados nas urnas funerárias, de realizarem seus velórios e de acompanhálos às suas últimas moradas. Privados os mortos dos costumes rituais, sofrem
inesquecivelmente seus parentes pela falta dos cerimoniais religiosos.
Ao lado dessas horríveis imagens outras ocorrem, estas com os vivos que
conseguem escapar do vírus. São as cenas de pobreza e de extrema pobreza que estão
submetidas pessoas, famílias e comunidades. No Brasil são 50 milhões de pessoas que
vivem na linha de pobreza e mais de 15 milhões que vivem na pobreza extrema, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O Coronavirus está matando pessoas e também mostrando as desigualdades
sociais no Brasil e no resto do mundo. Pessoas pobres, indefesas, frágeis, sem emprego,
sem renda, sem assistência, residentes em favelas, moradores de ruas, pedintes, padecem
muito mais, em consequência das condições de pobreza que pela ação do próprio vírus.
As imagens divulgadas levam à compaixão por tais pessoas.
Ao passar esta pandemia o Brasil não será o mesmo. Empregos perdidos, empresas
fechadas, produção desacelerada, consumo reduzido, orçamento público diminuído, com
maior sofrimento para as pessoas pobres. O Estado brasileiro haverá de implantar novas
políticas públicas e olhar com outros olhos para a pobreza, para cumprir o seu objetivo
constitucional de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
regionais.
Todas essas imagens da pandemia devem ser objeto de preocupação dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil, que devem se esforçar em conjunto para o
bem de todos agindo harmonicamente, fato que lamentavelmente não vem ocorrendo. É
preciso que os chefes destes poderes deixem de lado suas diferenças e seus interesses
pessoais, pois a eles cabe a responsabilidade de agir com vistas a recuperar o país em
menor espaço de tempo e com os mínimos traumas possíveis, fazendo prevalecer os
interesses e as necessidades do povo brasileiro.
© 2016 - 2023. Todos os direitos reservados.