Nelson Coelho tem se destacado por sua independência na apreciação dos fatos políticos locais e nacionais. Jornalista combativo, às vezes polêmico, é profundo conhecedor da história política paraibana. Nelson Coelho da Silva é membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHPG). Atualmente está concorrendo a vaga que pertenceu ao escritor Ariano Suassuna na Academia Paraibana de Letras (APL). Concorre a cadeira n° 35 desde a morte do escritor em julho de 2014. O jornalista e escritor recebeu a Medalha João Ribeiro, uma das mais elevadas honrarias da Academia Brasileira de Letras. Passa a figurar, desse modo, ao lado de grandes nomes da cultura e da literatura nacionais, a exemplo do editor José Olympio e do romancista Graciliano Ramos. Em 1959, concluiu o curso ginasial no Colégio Diocesano de Patos, vindo a continuar os seus estudos em João Pessoa, onde se titulou como Técnico em Contabilidade pelo Colégio Getúlio Vargas. Em 1977, ingressou na Faculdade de Direito da Paraíba, onde, em 1982, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais. ingressou no jornalismo como colaborador do jornal Correio da Paraíba (1977), manteve programas na Rádio Cultura de Guarabira, Rádio Correio da Paraíba e Rádio Arapuan, sempre desenvolvendo um jornalismo político. Em entrevista rápida ao Portal e Revista O FAROL, Dr. Nelson Coelho fala sobre o ser jornalista, sua importância para a sociedade, diz que a politica está elitizada, fala de seu novo livro sobre José Américo, diz que politica e jornalismo são irmãos siameses e que como superintendente da União, a tronou superavitária. Ele também fala de seu livro intitulado a TRAGÉDIA DE MARI, conta fato pitoresco envolvendo Pedro Tomé de Arruda e defende um jornalismo livre e com apoio da sociedade. “Fazer jornalismo é muito divertido, só não se ganha dinheiro. O jornalista é o intermediário entre aquilo que o povo precisa dizer as autoridades e aquilo também que as autoridades precisam dizer ao povo. Você só consegue isso conversando. Depois que começamos a utilizar na política os meios de comunicação, parece que se elitizou. Os políticos se elitizaram. Na minha época, quando a gente trazia um Brizola para Guarabira, a gente sentava com ele na mesa, com um Ulisses Guimarães para conversar. Hoje em dia um político quando chega no interior, se tranca em uma lugar com um prefeito, com um deputado e acabou, o jornalista não tem mais direito de conversar com a autoridade”, disse Nelson Coelho, revelando que sempre atinou para o memorialismo. “Eu sempre atinei mais para a coluna política. Na coluna política, você se torna, por força dos assuntos tratados, um memorialista e a memória na política é tudo. Dorgival Terceiro Neto, ex-governador, dizia que eu era tido na política da PB como um zangão, porque eu sempre fui contra esse amancebo cultural entre a imprensa da PB e o movimento de 1930, entre João Pessoa e José Américo. José Américo só disputou duas eleições na PB. Uma ganhou, foi a de 1950, e da 58 para senador perdeu. Estou escrevendo um livro sobre a biografia de José Américo. Sou censurado por Gonzaga Rodrigues e outros, por esses que se assomam como grandes intelectuais da PB. Eles me censuram porque dizem existir mais de mil biografias de José Américo e não tem mais o que escrever. Tem que fazer uma biografia para dizer as coisas ruins que ele fez. A sobra de campanha de 1937, quando ele foi candidato a presidente da república, mandou pagar sua casa no Rio de Janeiro, a Caixa Econômica Federal, isso ninguém nunca disse, mas está numa declaração do próprio José Américo”. Para Nelson Coelho, a politica e o jornalismo caminham irmanados. “A política o jornalismo são irmãos siameses, porque um não funciona sem o outro. Mas há maus profissionais no jornalismo, que usam irresponsavelmente sua profissão, o microfone para no outro dia ir a uma sede de uma prefeitura municipal para cobrar propina, isso desgasta o jornalismo. O jornalista é para ter a consciência que ele é um prestador de serviços da mais alta importância e categoria que a sociedade tem”, afirmou Coelho, que avaliou como ruim a vida profissional do jornalista na atualidade. “A profissão de jornalista está muito ruim. Eu estava observando que não há ajuda da sociedade a imprensa, ao jornalismo. Veja que um jornal como o Norte, que tinha setenta anos, foi fechado e levaram todo o seu arquivo para Brasília, não tem um jornal aqui na PB. Fecharam o jornal da PB, que Roberto Cavalcante tenha cuidado”. O jornalista Nelson Coelho foi três vezes superintendente do jornal A União e o tornou superavitário. Fui três vezes superintendente da União. Tenho muita facilidade de falar sobre a União. Eu a transformei em superavitária em um ano. Ela trabalha mais em função do diário oficial para as prefeituras. Quando fui superintendente fiz um contrato com as prefeituras que tudo que os prefeitos quisessem publicar, a União publica e o contrato autorizava o banco aonde a prefeitura recebia o ICMS, o FPM a pagar, com isso tirei as prefeituras inadimplentes. Quem tornou a União superavitária fui eu. A União não pode ser vendida de jeito nenhum”, falando em seguida sobre o livro que escreveu falando das ligas camponesas de Mari. “Escrevi um livro intitulado A TRAGÉDIA DE MARI. No dia que Renato Ribeiro Coutinho chegou no palácio do governo para pedir uma providência sobre Mari eu estava no gabinete do governador. O livro se transformou num trabalho jornalístico. Na tragédia de Mari nem a imprensa falou a verdade. Quando eu estava escrevendo esse livro, eu pedi a Dr. Genival, legista, informações sobre as mortes e ele me disse que os miolos são tecidos voláteis, que se acabam logo ao solo e depois das mortes houve uma chuva de 20 minutos. Só o que se viu foram pedaços de ossos. Essa tragédia foi uma imprudência do Dr.Fernando Gouveia que era o chefe dos escritórios das usinas e do administrador de Renato Ribeiro Coutinho que andava com um revolver 45 ameaçando camponês. Um grande plantador de fumo de Mari, Nezinho de Paula, deu 300 hectares de terra para os camponeses plantarem. Ao chegarem na fazenda gendiroba uma comissão encontrou o administrador da fazenda com o revolver na mão ameaçando todo mundo, ai tomaram e chacoalharam ele, a partir dai começou a zoada”, disse Nelson Coleho, narrando um fato pitoresco da política de Mari. “Há coisas inacreditáveis na politica. Vou contar uma sobre sua terra, Mari. havia um senador Americano que tinha um projeto de bolsa de estudos. Quem falasse Inglês poderia conseguir uma bolsa de estudos para passar um tempo nos Estados Unidos. Ai Pedro Tomé de Arruda Filho foi para os estados unidos, passou três meses lá. Quando ele voltou o pai dele era o prefeito que enfeitou Mari todinha com bandeiras dos Estados Unidos e do Brasil, desfilando em um Jipe aberto com Pedrinho ao lado”. O jornalista Nelson Coelho encerrou sua conversa enfatizando que está escrevendo um livro de 90 páginas sobre seus contatos com Ernâni Sátiro, agradeceu a entrevista e cobrou das autoridades mais espaço para imprensa. “Sou jornalista desde 1958. Estou fazendo um livro sobre os meus contatos com Ernâni Sátiro. Agradeço a entrevista, pretendo para a imprensa que cada vez mais as autoridades constituídas abram espaço para que nós possamos trabalhar com liberdade e no sentido da sociedade ganhar com nosso trabalho”.
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