Até hoje, tinha a convicção de que a reforma política era a providência inicial para começarmos a debelar a corrupção no País. Os últimos acontecimentos vêm contribuindo para uma mudança de pensamento numa guinada de 360º. Hoje, estou propenso a rever meus conceitos sobre o que precisa ser reformado prioritariamente.
Os últimos acontecimentos nesse cenário putrificado, que é o da nossa política, direcionam a minha artilharia para outro poder da república, que se apresenta como deus de todas as coisas.
Assisti duas entrevistas de jovens brilhantes do meio jurídico, a advogada Janaina Pascoal e do procurador federal, Deltan Dallagno, que, não obstante o indisfarçável nervosismo dos dois, fruto da pouca aparição em público, trouxe uma nova realidade para reflexão de todos nós: O judiciário precisa de uma reforma urgente.
A advogada traz à tona uma questão que sempre me intrigou: o juiz que comete crimes recebe como pena uma aposentadoria compulsória. Que coisa horrível! Será que é assim mesmo? Então o sujeito comete um delito e é premiado com aquilo que nós brasileiros, reles mortais de uma sociedade perdida nos discursos de direita e de esquerda, que nós manipulados tendemos a defender, a tão sonhada aposentadoria. Temos notícias de peregrinos batendo à porta do INSS, implorando migalhas de uma aposentadoria que mal dá para comprar remédios para amenizar as doenças causadas pelo “trabalho escravo”, fruto da “teoria da mais valia” que o mundo capitalista não se cansa de impor aos trabalhadores. Faço uma ressalva: ao me posicionar com antipatia ao modelo que escraviza, não estou sendo favorável ao socialismo populista que aliena. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Gostaria que o mundo encontrasse um meio termo na geração e divisão de riquezas. Mas isso é outro papo, que rende longas discussões.
Já o talentoso procurador, expõe uma ferida de difícil cicatrização. Deixa evidente o perigo que corremos com os figurões da política buscando incessantemente um meio de burlar a justiça e se livrarem das malhas da Lei.
O legislativo com os seus prosélitos vergonhosos e o judiciário com a carapuça corporativista que ninguém ousa tocar, precisam de reformas urgentes. Não sei por onde começar. Que tal pelos dois simultaneamente?