No meio de tantas notícias que só nos trazem a acentuação do pessimismo diante do inimigo desconhecido que nos atormenta nesse momento, deparo-me com uma matéria, acompanhada de um vídeo e no primeiro momento imaginei tratar-se de uma encenação bíblica do Livro Lucas, Capítulo 8 – 33: “E Jesus lhes disse: “Ide!” Assim que saíram entraram nos porcos. De repente, toda a manada correu em disparada e atirou-se violentamente precipício abaixo, em direção ao mar, e nas águas pereceram”.
Sabemos da polidez cultural do catarinense, exemplo de convivência social para todos nós. O estado é muito simpático e a sua capital é uma graça. Já estive em Floripa. Realmente uma bela cidade. Tudo harmoniosamente perfeito. O lugar dos sonhos de qualquer um. Pouco sei da cultura catarinense, mas o pouco que conheço já é suficiente para a minha simpatia.
É sabido que Santa Catarina não figura no topo das contaminações do coronavírus. Como também os registros, no estado, e em especial em Blumenau, apontam para uma baixa incidência da COVID-19. Não obstante, pelo total desconhecimento do vírus, que vem desafiando a ciência, não dá para defendermos que o estado e a cidade mencionadas estejam longe das preocupações mundiais. Não, isso é falso e perigoso. Sabe-se que no Brasil ainda não temos dados reais da situação. O próprio ministro da saúde aguarda dados seguros para adotar a sua política de flexibilização, se é que ele tem um plano. Vamos aguardar antes de crucificá-lo de vez, mesmo que a sua atitude de silêncio sepulcral até agora é preocupante, pois ainda não me sai da cabeça a frase dele na cerimônia da sua posse: “estamos alinhados com o pensamento do Presidente”. Isso me causa calafrios, sinceramente. O Presidente não tem compromisso com a vida. Isso já está demonstrado.
Ao assistir o desenrolar do vídeo em referência é possível constatarmos que a insanidade não escolhe cultura. Ela ataca de qualquer jeito o sábio e o insipiente. Vendo aquelas pessoas loucas correndo desenfreadas, crianças, idosos e jovens, e ao fundo um saxofonista tocando como a celebrar a morte, como se atirando em precipício, lembrei-me de Lucas 8 – 33. A questão que se apresenta é a seguinte: se a própria autoridade máxima da saúde no Brasil, o ministro da saúde ainda não tem dados concretos para tomada de decisão segura, como é que a irresponsável autoridade de Santa Catarina decreta a liberação geral, aproveitando o momento de fragilidade e desespero da população? Claro, as pessoas estão nervosas pois todos precisam do trabalho para sobreviver. Entretanto mortos de nada adiantará a aventura temerosa.
A situação no Brasil é grave pois não aprendemos as lições que nos deram a Itália, a Espanha e Nova York. Não absorvemos nada dos exemplos catastróficos. Diante de tantos desatinos chegamos a nos cansar e pensar em desistir da luta inglória de conscientização das pessoas. receio que aqui a pouco o exemplo de Blumenau seja seguido pelas demais capitais do nosso País. E ai, estaremos recebendo de Santa Catarina um dos legados: ou fica provado que o mundo estava errado ao adotar o isolamento social para estender a curva de contágio, ou teremos que apreender a contar mortos, cavar valas comuns para enterro de corpos e abrirmos frente de trabalho para “formar” coveiros, afinal, “enquanto uns choram outros vendem lenços”.