A legislação da Bolívia, de onde saiu o avião com a delegação da Chapecoense, determina que os aviões que decolem do país tenham combustível suficiente para chegar ao aeroporto de destino, a um aeroporto alternativo e, ainda, a mais 45 minutos adicionais de voo em altitude de cruzeiro.
Está na Regulamentação Aeronáutica Boliviana (RAB): “Nenhum voo será iniciado a menos que, levando-se em conta as condições meteorológicas e todo atraso que se preveja em voo, o avião leve combustível suficiente para completar o voo sem perigo”. A norma é similar à brasileira, que também estabelece a necessidade aeroporto alternativo e mais 45 minutos de voo em cruzeiro.
Pela leis aeronáuticas, uma aeronave deve seguir as regras do aeroporto do qual decola. O Avro RJ-85 da companhia aérea boliviana LaMia partiu de Santa Cruz de la Sierra rumo a Medellín com a equipe da Chapecoense, diretores do clube, jornalistas e convidados. O time de Chapecó disputaria na noite desta quarta a final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, de Medellín.
O avião caiu na madrugada de terça (29), horário de Brasília, a 17 km do aeroporto: 71 pessoas morreram e seis sobreviveram.
Perto do aeroporto José María Córdova, a tripulação do Avro RJ-85 relatou ao controle de tráfego aéreo estar sem combustível e ter pane elétrica ao se aproximar de Medellín, segundo áudio divulgado nesta quarta-feira (30) na imprensa colombiana. Pediu, ainda, prioridade para aterrissar. Em seguida, o contato com o controle de tráfego aéreo é perdido. Um piloto de um avião da Avianca que estava próximo deu declaração semelhante sobre a pane de combustível no voo da LaMia.
Autonomia
Dados da própria LaMia põem em dúvida a capacidade da aeronave de fazer um voo direto entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín sem uma parada para abastecer. O site da empresa aponta que a autonomia do Avro RJ-85 é de 2.965 quilômetros. A distância entre as duas cidades é superior a isso: 2.970 quilômetros, segundo um serviço que planeja rotas aéreas.
Ainda falta esclarecer, no entanto, as circunstâncias que levaram a aeronave a ficar sem combustível –e se a origem foi uma falha técnica ou humana. O avião poderia fazer o voo entre as duas cidades sem estar sujeito a riscos se tivesse um tanque extra, que aumentasse a autonomia –não está claro se o Avro RJ-85 tinha um tanque extra.
Também deve ser verificado pelos investigadores encarregados do acidente se o voo previa uma parada para reabastecimento. Essa informação consta no plano de voo, ainda não divulgado pelas autoridades colombianas e da Bolívia, os dois países que detêm o documento.