A modelo Vanessa Alcântara, de 29 anos, que está presa há três meses acusada de agredir uma escrivã da Delegacia da Mulher de Valinhos (SP), foi condenada a quatro anos de prisão em regime semiaberto. A decisão, assinada pela juíza Daniella Aparecida Soriano Uccelli, da comarca do município, foi dada na quinta-feira (7) após a primeira audiência sobre o caso. A defesa da ré informou que vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
O advogado da modelo, Evandro Campoi, afirmou, em nota oficial, que a decisão foi “exarcebada” porque, segundo ele, os crimes dos quais Vanessa é acusada deveriam ter penas cumpridas em regime aberto e sem relusão. O defensor vai entrar com recurso para a decisão dada pela Comarca de Valinhos ainda nesta sexta-feira (8)
“Vamos impetrar dois habeas corpus, sendo um para garantir o direito de voltar para casa o mais rápido possível e outro para a fundamentação da sentença, já que entendemos que a prisão é arbitrária e ilegal. A Vanessa nega veemente todas as acusações e se diz vítima de perseguição”, disse o advogado.
Vanessa chegou a ficar detida na Cadeia Feminina de Campinas, mas foi transferida para a Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu (SP). De acordo com a defesa da modelo, ainda não está definido se ela vai permanecer no local, que também funciona em regime semiaberto, ou será transferida para outra unidade prisional.
Confusão na Delegacia
Vanessa Alcântara, que é ex-namorada do fiscal Luis Alexandre Magalhães, suspeito de participar de um esquema de corrupção na Prefeitura de São Paulo, foi presa em flagrante no dia 7 de abril, em Valinhos (SP). Ela é acusada de agredir uma escrivã da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município e de outros seis crimes.
A modelo foi até a unidade policial registrar um boletim de ocorrência por conta de uma briga com vizinhos, mas ficou contrariada ao saber que havia um inquérito policial em andamento contra ela por uma suposta agressão contra um parente.
Segundo o delegado Sandro Jonasson, Vanessa arrancou os documentos das mãos da escrivã e começou a rasgar os papéis. Depois, a jovem trocou ofensas com a profissional, causando ferimentos em um dos braços dela.
Agressão e maconha
Segundo a Polícia Civil, a delegada da unidade tentou intervir e também acabou sendo ofendida por Vanessa.
Para conter a modelo, foram necessários três guardas municipais, que foram atingidos por um capacete jogado por ela.
De acordo Jonasson, durante o episódio Vanessa dizia, aos gritos, que merecia ser melhor atendida, pois era uma “celebridade por ter sido responsável pelo desmantelamento de um esquema de corrupção em São Paulo”.
Após a prisão, a jovem foi levada para a cadeia feminina de Paulinia (SP). Além da acusação de agressão, ela vai responder também pelos crimes de desacato, resistência, injúria, calúnia, supressão de documentos, lesão corporal e porte de entorpecentes, já que durante a abordagem foi encontrada maconha dentro da bolsa dela.
‘Delatora e celebridade’
Vanessa Alcantâra ficou conhecida após denunciar que o ex-namorado, o auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, recebia propina em um esquema de corrupção que pode ter causado até R$ 500 milhões de prejuízo aos cofres públicos de São Paulo.
Segundo a investigação, que começou em 2013, o grupo fraudava o recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS). Ele é calculado sobre o custo total da obra e é condição para que o empreendedor imobiliário obtenha o “Habite-se”.
O foco do desvio eram prédios residenciais e comerciais de alto padrão, com custo de construção superior a R$ 50 milhões. Toda a operação, segundo o Ministério Público, era comandada por servidores ligados à subsecretaria da Receita, da Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo.
Atualmente, Vanessa trabalha como modelo e é proprietária de uma loja de roupas infantis em Valinhos. No Carnaval deste ano, ela foi musa da escola de samba de São Paulo Acadêmicos do Tucuruvi.
Da Redação com G1