E nós também. A magnitude do universo nos torna partículas de areia de um deserto humano e uma gotícula insignificante de um mar em mutação constante. O seu criador fez questão de deixa-lo inacabado e nos atribuiu a missão impossível de aperfeiçoá-lo.
Nesse particular temos sido reconhecidamente incompetentes, pois os avanços conseguidos em busca da perfeição limitam-se a inventos e descobertas que buscam mais a satisfação pessoal, em detrimento do coletivo.
Ultimamente tenho me interessado um pouco pelos acontecimentos dos conflitos que envolvem a Síria. Não sou nenhum historiador beligerante, porém me apresento como um curioso contumaz, já que isso a liberdade de pensamento me assegura, mesmo com algumas restrições que poderão advir, fruto de interferência, quase que involuntária, de alguns que ainda não atingiram o estágio da verdade de cada um. Essa precisa ser preservada, sem a obrigatoriedade de ser imposta.
O mundo não está pronto, e, por conseguinte também não estamos. Você não é obrigado a pensar e agir com a cabeça dos outros. Os ensinamentos são peças importantes em nossas vidas, porém a sabedoria, muito mais destacada que o saber, é fundamental, e para ser sábio temos de ceder. Dizer isso é fácil. O difícil é por em prática, pois o ego teima a se sobrepor à razão.
Estou aprendendo uma lição: não podemos mudar ninguém. O máximo que podemos é tentarmos a convivências com as diferentes formas de pensar. Por vezes as diferenças de pensamentos são tão gritantes que tendemos a querer manipular procedimentos alheios e aí “damos com os burros n’água”. A falsa ideia de harmonia que a concordância imposta pode emprestar pode trazer um estágio de serenidade momentânea que tendemos a considerar como perfeita, entretanto não é duradoura.
Estamos terminando um período que convencionalmente chamamos de ano. Saí um, entra outro e mantemos a ilusão de que tudo será diferente. Não condeno quem projeta o otimismo futuro, mas não me iludo que tudo será como antes se não cuidarmos das transformações interiores. Isso sim faz toda a diferença. Não existe um marco entre um ano e outro. Nós é que patrocinamos metamorfoses em nossos pensamentos, condutas, procedimentos e na convivência harmoniosa tão almejada e por vezes não alcançada.
O mundo não está pronto. O projeto não foi concebido para que estivesse. A correção das imperfeições ficou ao nosso cargo e aí encontramos enormes dificuldades em administrar essa tarefa, que em princípio poderia parecer simples, mas o egocentrismo, aliado ao conceito distorcido de felicidade, tem colocado enormes empecilhos para que vivamos num clima de total serenidade e paz.
2017 será um ano igual aos outros. A mudança será protagonizada por cada um de nós. Com certeza alguns chorarão, outros pularão irradiantes de alegria e haverá aqueles que permanecerão no mesmo estágio de letargia, “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”. Cabe a cada um de nós escolhermos como queremos o 2017. Mesmo assim, não significa que tudo dará certo ou errado. O mundo não está pronto, ainda.
Feliz 2017 para todos!