Perdão! Essa palavra tem no significado vocabular menos importância do que os efeitos emprestados, principalmente para quem o concede. Se pararmos para refletir, constatamos que somos péssimos atores do teatro da vida, porquanto não simpatizamos com o ato do perdão. Isso porque equivocadamente tendemos a confundir o perdão com o deixar escapar a nossa inexorável razão. Somos orgulhosos o suficiente para não darmos “o braço a torcer”.
O longo percurso da vida nos transforma e aí sofremos uma metamorfose involuntária, que permite nos separar daqueles que teimam em permanecer na escuridão de um coração magoado e doentio. Não aceitar o perdão é tão cavernoso quanto não disponibilizá-lo. As feridas da alma não cicatrizam enquanto não abrandarmos a ira, por vezes injustas e inconsequentes. O nosso orgulho patológico petrifica o coração, transformando-o num escudo intransponível e impenetrável.
Perdoar não é fácil. Reconheçamos essa dificuldade, pois no mundo atual nos deparamos com a maldade que teima em recrudescer. O perdão possibilita mais benefícios aos que concedem do que aos receptores. As partes envolvidas em contendas venenosas precisarão de uma dose cavalar de leniência e resignação para chegarem a bom termo e cortarem as algemas da intolerância. Perdoar não significa esquecer. O perdão é um acordo de trégua que firmamos com o intuito de liberdade das correntes que asfixiam a alma. Bom pra todos!
O perdão não deve obedecer a escalas. Deve ser amplo e irrestrito, pois diferentemente de vingança, o perdão livra o autor e o destinatário das grades do infortúnio. Enquanto não nos liberarmos de uma grade chamada ódio, não vamos perdoar, e aí continuaremos condenados às amarguras e tristezas profundas. Penso que devamos perdoar “setenta vezes sete”. Isto é bíblico e tem simbologia marcante.
Precisamos de um espírito evoluído para administrar a serenidade que nos assegura o perdão. Isso por aqueles que nos atingem com a ponta de lança envenenada do ódio, da injuria, da difamação, da calúnia, parecem acorrentados pelo ódio e pela desventura. Temos de perdoar, esquecendo a maldade alheia, contudo tratando de maneira cautelar, entretanto sem ódio e sem rancor. Vamos experimentar a prática do perdão libertador, antídoto contra o sentimento de vingança, que por vezes supera a razão e o bom senso.
Erros fazem parte do aprendizado constante. Coloquemos os erros e as injustiças alheias no grande triturador de maldades que é o perdão. Ele custa muito pouco. Apenas a nossa humildade e um coração aplacado são suficientes para o perdão libertador. A felicidade agradece àqueles que perdoam seus desafetos. “É impossível ser feliz sem perdoar”. O perdão é a chave de um coração manso. Um brinde ao perdão!
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