O que era expectativa se transformou em orgulho. O Brasil mostrou ao mundo que somos uma Pátria amada, idolatrada, salve! Salve!
Apesar do paradoxo que o Rio de Janeiro evidencia, levando-se em conta os seus graves problemas socioeconômicos, os jogos olímpicos 2016, na cidade maravilhosa nos deixam uma certeza: não somos um país desprezível. Temos orgulho, emoção, raça e organização, quando queremos. Somo competentes sim, pelo menos em algumas atividades.
Foram dezesseis dias de pura emoção. Durante uma quinzena fomos anestesiados e nossas dores foram sanadas temporariamente. As olimpíadas foram um placebo comprovadamente eficaz. Num ranking de mais de duzentos países, ocupamos a honrosa 13ª posição, com 19 medalhas.
Nesta segunda feira o efeito placebo perde o efeito. Voltamos à realidade nua e crua de um país envolvido em descalabros de má gestão e ausência de ética, onde ser corrupto passou a ser a regra. E aqui, abrimos um parêntese: “ o político não é o pai da corrupção”. Debaixo de uma enorme cortina de fumaça encontram-se os diversos matizes de malfeitorias. O empresariado brasileiro construiu um forte império do crime do colarinho branco, eficazmente administrado por executivos de araque, que posam de competentes, mas suas destrezas são embasadas em tirar proveito de tudo mediante a prática de atos ilícitos e criminosos.
O efeito placebo chega ao fim. Voltamos à realidade. Ainda no corrente mês teremos o início do fim. A incompetente gestão do governo Dilma será julgada, e a essa altura do campeonato, muito pouca gente ousa defender a permanência da “presidenta”, frente aos destinos desse país repleto de casuísmos.
Tudo resolvido? Que nada! Não nos iludamos. Vem por ai uma torrencial chuva de atos governamentais para se colocar o nosso país nos trilhos do equilíbrio fiscal e paz social. Até aí, tudo bem. Algo tem que ser feito. Não obstante a necessidade premente de ações práticas bate em mim um temor inarredável: como sempre, seremos nós, classe proletária, que haveremos de pagar a conta do descaso.
Poucos se dão conta da iniciada coalizão PMDB & PSDB. Essa dupla é do barulho. Já assisti a alguns filmes protagonizados por ambos. O que vem por aí pode nos tirar o sono e nos colocar no inicia da fila das prioridades. Conseguimos avanços indiscutíveis na área social e econômica por um pequeno período, não por competência da gestão populista do PT e sim por uma conjuntura mundial amplamente favorável.
Vamos retroceder nos nossos direitos. Reformas precisam ser feitas, concordo. Agora, a principal ninguém quer fazer: a reforma política. Quando digo ninguém me refiro às raposas, que são donas do galinheiro. Aqueles responsáveis pelas leis agem com prosélitos vergonhosos, às vezes ajudados pelo pensamento da alta cúpula do judiciário, o STF, que na última semana deu carta branca aos malfeitores do dinheiro público para se candidatarem, e se eleitos, poderão fazer tudo de novo: roubar, roubar e roubar. Sinceramente não tem conceito jurídico nenhum possível de me convencer de certas atitudes adotadas pela Suprema Corte do País, o poderoso e imprevisível Supremo Tribunal Federal, que conta em seus quadros figuras pra lá de esquisitas, a ponto de desrespeitar os legisladores da Lei da Ficha Limpa, quando diz que e referida lei “parece que foi feita por bêbados”. Nós achamos graça porque, no fundo, ele está certo. Acontece que a postura de um ministro do supremo não pode ser a de desrespeito aos outros poderes, afinal, não é o que a Constituição apregoa. Costumo dizer que sinceridade demais nos torna ridículos e inconsequentes, afinal, precisamos por vezes usar eufemismos para dizermos certas verdades.
Inoportunas algumas críticas e observações de um ou outro segmento da mídia social, quando tentam, de forma patética, fazer um paralelo entre o custo financeiro de uma medalha com o número de medalhas alcançadas. A Análise que precisa ser feita é a importância do evento para contribuir com a confraternização dos povos, isso lindamente demonstrado na brilhante abertura e emocionante encerramento dos jogos Rio 2016. Uma visão míope de alguns fez com que atrelassem o valor de recursos empregados (cerca de R$ 3,19 bilhões) ao número de cada condecoração (dezenove), como se o objetivo maior fosse conseguirmos mil medalhas e depositá-las em custódia para fazer face às grandes mazelas que assolam o nosso País. Cada medalha teria custado 168 mil reais. Essa visão é mesquinha. Não cabe aqui. Vamos curtir o legado subjuntivo das olimpíadas no Brasil. Nossa autoestima foi elevada e demos um belo exemplo ao mundo de civilidade e de amor, mesmo tendo algum outro engraçadinho norte americano querendo posar de esperto no reinado que conhecemos bens. Criatividade e jeitinho, essas marcas são nossas. Não queiram nos roubar esse troféu.