Não é difícil entender o que ocorreu lá pelas bandas da terra do Tio Sam. O ritual macabro de Charlottesville, no Estado da Virgínia, nos EUA, protagonizado por grupos denominados de neonazistas, supremacia branca, ultradireitistas e Ku Klux Klan, é o reflexo do estado permanente de beligerância que reina descaradamente por toda parte do mundo.
Consegue-se visualizar uma linha tênue entre o pensamento desses movimentos satânicos e uma boa parte da população mundial, que teima e defende dividir a população em duas grandes categorias, embasados nos sistemas econômico-políticos predominantes: capitalismo x socialismo, numa subdivisão inconsequente e nefasta de direita e esquerda.
O desfile presencial dos satânicos e abomináveis grupos da supremacia branca, muito se assemelha às batalhas que por aqui travamos, quando defendemos nossos pontos de vistas em defesa de grupos políticos, aceitando que nos enfiem de goela abaixo conceitos do capitalismo tradicional, onde a tônica é segregar ao máximo. De um lado, opressores, do outro, oprimidos. Uns ditam as normas, outros as cumpre, porque não têm alternativa.
É possível pensarmos numa alternativa que possa contemplar a todos, em escalas meritocráticas, sem abandonarmos os aspectos sociais. As sociedades tidas modernas, tão bem representadas pela Europa, não abdicam da ajuda aos mais necessitados. Sim, porque não é razoável que decretemos pena de morte, através da fome, a uma camada da população, que por circunstâncias da vida, vivida em ambiente de extremo egoísmo e contumazes aproveitadores, possamos nos regozijar com a desgraça do infeliz, que por um motivo qualquer, não conseguiu manter um padrão de sucesso profissional, que lhe assegurasse a autonomia da sobrevivência.
Precisamos reformar os nossos conceitos e pensamentos. Não é razoável que teimemos em continuar numa dicotomia do bem e do mal, quando ao menos conhecemos o bem e o mal. É regra abominar o que mesmo desconhecemos. Isso é uma falha grave ou uma aceitação de uma só verdade. Não raro nos pegamos declarando ojeriza a certos conceitos e quando perguntamos qual a razão da truculenta rejeição, o interlocutor simplesmente responde: “não gosto e pronto”. “Não tenho interesse algum em conhecer”. Não existe coisa mais surreal do que esse pensamento vazio.
O mundo não aceita mais esse recrudescimento do ódio. A globalização impôs a convivência pacífica entre as diversas etnias e raças. O grande desafio da humanidade é transpor a barreira da sandice e do ódio. O conceito de raça pura somente é aceitável quando estamos falando de animais, ainda que nesses casos devamos amparar os “vira-latas”, atribuindo-lhes um tratamento humano e respeitoso. A desumanização não tem mais lugar em lugar algum, e em se tratando de relacionamento humano, não há nada a discutir. O sol nasce para todos.
Charlottesville é uma página que não pode ser virada e sim destacada com marca texto para que fiquemos em estado de alerta permanente e nos unamos em prol do bem comum e de um mundo melhor. E os Estados Unidos dão um péssimo exemplo ao mundo.
Apenas para reflexão, vale lembrar a temática da campanha do Trump, querendo segregar tudo com muros, expulsões, extermínios, etc… Nossa memória é curta.