Nesta semana vimos cenas e fatos inusitados que nos proporcionam “frouxos de risos”, não obstante a situação da pandemia que insiste em manter os números num platô que tanto entristece aqueles que ainda possuem alma, pois fatalmente teremos 100 mil mortos dentro de 10 dias. É um número surreal e a nossa tristeza reside no fato de que tudo isso poderia ser minimizado se a governança não optasse pelo negacionismo que expõe as feridas do nosso atraso cognitivo. Digamos, numa linguagem popular: o Governo Federal embolou o meio de campo.
Hoje correram notícias de uma pesquisa eleitoral para 2022, colocando o Bolsonaro derrotando todos seus opositores. Isso merece reflexão no sentido de que temos a impressão de que a oposição tem se mostrado insipiente não sendo capaz de incomodar o déspota medíocre que governa o País e que consegue ludibriar o seu fiel rebanho que já não faz questão dos atos corruptos que cercam o clã bolsoariano. Já não interessa as promessas não cumpridas do então candidato moralista que assegurou aos seus patéticos apoiadores que jamais governaria negociando o toma lá da cá, característica da velha política.
Temos um novo Jair que acordou para uma realidade: ou saía da nojeira idealista que arrebatou idólatras de baixa capacidade cognitiva, ou estaria fadado a morrer abraçado com seus admiradores, pois até alguns que votaram contra o “lula petismo” poderiam tender a buscar novas opções, pois não vem no Bolsonaro algum valor a que se apeguem a ele. Acredito que isso ocorrerá para 2022, a não ser que a nossa percepção esteja equivocada e que essa turma seja limitada mesmo e se contente com a mediocridade como sistema válido.
Pois bem, demorou pouco. Temos um governo de viés ideológico que beira à sandice, moldado ao nepotismo, obscurantismo, negacionismo, que busca galhos da salvação não para o governo em si, e sim para salvar membros da família das garras da justiça, quando os indícios e evidências de delitos são límpidos. E nesse pensamento, o Presidente se vale de políticos do Centrão, reconhecidamente figuras nefastas da vida pública brasileira, sendo desnecessário nominar, pois essas figuras estão aí a todo vapor a posarem de parceiros fieis do projeto bolsonariano de poder. É o governo se aliando a conhecidos ascos da política brasileira para salvar a própria pele. Tudo isso é observado por quem pensa fora do senso comum. “Os outros são os outros”.
Outro fato que chega para observância de críticos produtivos é o caráter desonesto e descarado do Presidente, quando tenta inverter culpabilidade e coloca a conta do desastre da gestão da saúde do seu governo nos governadores, quando se sabe que isso não é verdade. Estamos diante de um mentiroso cínico e inescrupuloso. A desonestidade desse cidadão é uma coisa de dar nojo, pois ele sabe que o mundo já o escolheu como o inimigo da ciência e da vida, quando rema contra todas as orientações emanadas das entidades capacitadas no trato de questões sanitárias no mundo. A conta para ele chegará com juros e correções.
A cara de pau desse senhor é uma coisa inacreditável. Há mais de dois meses sem um ministro na pasta da saúde, vamos tocando a vida contanto mortos, tomando cloroquina, e torcendo para que a ema dê uma bicada segura no fanfarrão inconsequente. Uma pergunta para quem ousar responder: por que ele não coloca um profissional com conhecimento da área para comandar o ministério da saúde? Seria dificuldades de encontrar alguém que aceite se submeter ao cargo de fantoche, participando de um projeto entendido por alguns analistas como genocida, conceito que se alarga diante de alguns entendimentos dados por leis e tratados internacionais?
Já tivemos outros episódios que comprovam o mau caratismo do senhor Jair. Estão nos registros que o auxílio emergencial proposto pelo governo era de R$ 200,00. O assunto chegou ao Congresso e o valor foi fixado em R$ 600,00, e de pronto o Presidente, descaradamente puxa pra si o pragmatismo da decisão, quando se sabe que é mentira; Vamos para o FUNDEB. O Governo não tem uma parcela de ajuda na aprovação do Fundo, que agora passa a ser definitivo. Vale salientar que ele apregoa que os governos anteriores não ligaram para o assunto e ele resolveu agora. M e n t i r a D e s l a v a d a ! O FUNDEB foi criado em 2007, com vigência até 2020, quando apresentaram proposta para votação e o governo atual não moveu uma palha no projeto. Surgiu ao apagar das luzes tentando interferir para desviar recursos do FUNDEB para outras finalidades , cujas ideias saem da mente neoliberal do Paulo Guedes, que perdeu a noção das coisas e quer colocar o Brasil a mercê do mundo capitalista financeiro, que nada produz para a Nação, a não ser engordar as contas de poucos investidores que ditam as normas a serem seguidas pelo Governo. Uma vergonha! Ainda bem que a Câmara se impôs e aplicou uma derrota acachapante com placar de 499 x 7. Os 7 vilões, maioria do PSL, curiosamente são alvos do governo, pois esse quer passar a ideia de que o FUNDEB é uma bandeira sua, quando todos (pelo menos as pessoas sensatas e esclarecidas) sabem que isso não é verdade. O Governo Federal queria pedalar nessa área.
Precisamos estourar essa bolha e respirar melhor. Lamentavelmente as esquerdas não se unem, e permanecem arraigadas em seus egos buscando o protagonismo a qualquer custo, esquecendo-se de que, para extirpar o câncer instalado no Planalto, vamos ter de contar com a vontade e a inteligência de todas as frentes que não concordam com essa desgraça que está aí. O Bolsonaro já está fazendo isso, aliando-se ao Centrão que abarca políticos do tipo Roberto Jefferson, Valdemar da Costa Neto, Carlos Marun, dentre outras figuras de partidos reconhecidamente corruptos, como é o caso do PP, partido com o maior número de políticos condenados pela Lava Jato e o mensalão. Essas figuras agora são braços direito do Bolsonaro e servem de sustentação ao seu mandato. Uma vergonha para quem a tem. Para quem não tem fica o consolo de “pelo menos tiramos o PT do governo”. Foi para isso? Perderam a noção!
Temos de por fim a essa babaquice de esquerda x direita. O que está em jogo é o Brasil e suas futuras gerações. O mundo não nos vê como um País promissor. Não preservamos a natureza, não cuidamos da saúde, não cuidamos dos nossos indígenas, não cuidamos da educação, a desigualdade social é insana, não cuidamos da segurança, pois aqui a coisa também beira à barbárie. O governo quer colocar a responsabilidade de contenção da violência nos ombros do cidadão que já contribui financeiramente para isso. Armando a população, o campo de batalha estaria pronto. É uma falácia criminosa querer armar a população para defender suas famílias, quando isso é papel constitucional do Estado. É preciso ter muita clareza sobre esses temas. Precisamos abrir a caixa da nossa ignorância cognitiva e buscar soluções democráticas, pragmáticas e programáticas. Entregar a nossa sorte nas mãos de um desqualificado que foi expulso do exército por mau comportamento e que nunca ganhou um tostão furado com trabalho na iniciativa privada, em emprego de carreira e formação, bem como a sua família, é de partir coração.
Precisamos incorporar o espírito de repulsa das emas e tratar de banir essa figura da vida política brasileira, antes que seja tarde e tenhamos que rastejar pelo o resto da vida como nação inferior encabeçando a fileira de países do terceiro mundo, submetidos ao poderio econômico mundial.