Selecionei esse assunto há certo tempo para expor um ponto de vista a respeito. Tenho a mania de enveredar por caminhos dos temas polêmicos e esse não foge à regra. Como estava hesitante sobre o assunto, pois a triste realidade em que vivemos tem recrudescido os corações daqueles mesmos que possuem até a essência dos santos, recorri às redes sociais e a adotei como termômetro do sério entendimento sobre o tema. A ressocialização expõe mais um dos temas que não encontra espaço para opiniões técnicas, pois se trata da convivência humana e aí nos reporta ao amor, à falta dele e à intolerância ou complacência dos pobres mortais que somos.
Como cada um de nós vê a questão da ressocialização do criminoso, que comete um crime, cumpre a sua pena e retorna ao convívio de uma sociedade mais pra lá do que ressabiada, de uma maneira, o assunto não é pacífico, por uma razão muito compreensível: não suportamos mais tanta desumanidade.
O assunto veio à tona despertando o meu interesse, a partir da recente decisão de um clube de futebol que integrou ao seu elenco o goleiro Bruno, coautor de um crime bárbaro que chocou o mundo e que todos têm notícias e conhecimento. A decisão do clube em apostar no astro criminoso lhe custou caro. Não importa se ele pagou pelo crime ou não (no caso ele ainda não pagou, pois sua liberdade é provisória, podendo voltar ao regime fechado a qualquer instante) Preocupada com a imagem negativa que o “garoto propagando” poderia patrocinar, a patrocinadora do clube resolveu rescindir o contrato de parceria.
A pergunta que se faz é a seguinte: o indivíduo que comete um crime, cumpre pena e sai em liberdade, deve ser aceito na sociedade e começar nova vida? É lhe devido nova oportunidade?
Três amigas minhas, inteligentes e interagentes assíduas comigo muito contribuíram para que eu pudesse descer até a metade do muro em que me encontrava e formar um ponto de vista. Pois bem, as opiniões dessas amigas foram muito interessantes: “sinceramente também não patrocinaria um clube que precisa de um profissional que provou do que é capaz. Tantos jovens talentosos precisando de uma oportunidade(! O tempo do Bruno passou), cravou uma; “associar sua marca a um assassino é o fim”! Que sirva de exemplo, continuou a outra”; “Sinal que nossas posturas e lutas surtem efeitos”, decretou a última.
Depois discorremos sobre outros pontos e chego à conclusão de que eu também não daria outra oportunidade tão fácil assim a quem teve tudo nas mãos e enveredou pelas trilhas da crueldade injustificável e desumana. Não obstante, acredito que a questão da ressocialização deva passar pelo crivo da racionalidade e da sensibilidade humana. “Existem crimes e crimes; casos e casos; criminosos e criminosos”. Poderemos abrir o leque de oportunidades estudando caso a caso, potencialidade de recuperação cientificamente comprovada, afinal temos de usar mão da ciência para tentarmos resolver questões do nosso psiquismo e ego reconhecidamente briguento e insensato.
Firmo posição de que o goleiro Bruno poderá até uma nova oportunidade na convivência social, porém, jamais como a brilhante carreira de goleiro, que ele enlameou com o seu instinto animal. Daremos um emprego numa atividade mais humilde e modesta, para que ele mesmo entenda que em certos assuntos não podemos errar tanto, afinal a vida humana não se paga com nenhum dinheiro.
Penso que o criminoso, após cumprir sua pena, deva ter uma oportunidade, mas isso não pode ter a regra da benevolência e sim a exceção da importância da vida.