A Fiocruz alerta para um “verão trágico” se medidas de isolamento não forem adotadas.
A média nacional é de 80 mortes por 100 mil brasileiros — 174,5 mil morreram. (Foto: Reprodução)
O Estado do Rio tem a maior taxa de mortalidade de coronavírus do país. Segundo cálculos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são 131 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes. Até esta quinta-feira (2), 22.394 fluminenses tinham perdido a vida para a Covid-19.
A Fiocruz alerta para um “verão trágico” se medidas de isolamento não forem adotadas.
São Paulo, que em números absolutos registra mais mortes que o RJ (com 42.456), tem 91 óbitos por 100 mil habitantes. A média nacional é de 80 mortes por 100 mil brasileiros — 174,5 mil morreram.
Nesta quarta-feira (2), a Fiocruz já tinha alertado que a cidade do Rio de Janeiro estava perto de um colapso no sistema de saúde, com a possibilidade de enfrentar um quadro sério de desassistência geral, por causa da Covid-19.
Falta de leitos
A desassistência é, segundo a Fiocruz, um dos motivos para a alta mortalidade no RJ. O estudo da Fundação aponta falta de acesso aos leitos de terapia intensiva. De todas as mortes de Covid-19 no estado, 27% aconteceram antes de o paciente chegar ao CTI.
“Nós contabilizamos 28 mil pessoas que morreram em excesso. No Rio morrem cerca de 5 mil por mês. De março para cá morreram a mais 28 mil pessoas”, detalhou Christovam Barcellos, sanitarista da Fiocruz e coordenador do Monitoracovid19.
“Em torno de 13 mil morreram de Covid-19. Sobram nessa conta 15 mil que morreram por falta de assistência. Muito grande”, emendou.
Fila de 400 doentes
Nesta quinta-feira (3), 1.250 pessoas estavam internadas nos hospitais públicos com Covid-19 — 551 delas na UTI. A taxa de ocupação na capital era de 92%, mas 406 pessoas aguardavam na fila por um leito.
“Estamos vendo uma superlotação de hospitais, a fila para internação aumentando, e esse excesso de mortalidade”, destacou Barcellos.
“Muitas pessoas estão morrendo em casa, em UPAs, em centros de saúde ou asilos — o que mostra um sistema de saúde em colapso.”
Também nesta quarta-feira, o Comitê Científico da Prefeitura do Rio recomendou o fechamento de escolas e praias e a proibição de festas.
Nesta quinta-feira (3), prefeitura e estado se reuniram para decidir em conjunto que medidas serão adotadas.
Barcellos alertou que Crivella fez “o pior cenário” ao liberar eventos com público.
“Acho que vai subir. Esse verão pode ser trágico sem um maior incentivo ao isolamento. Temos que fechar atividades não essenciais, não permitir aglomeração em festas… o prefeito permitiu boates, pior cenário”, afirmou.
Por RJ1