Culturalmente, a idéia errônea de que a saúde gira em todo do médico e da medicina vem se propagando de geração em geração, o médico no centro de tudo, o que autoriza, prescreve, cura e salva as pessoas, o médico enquanto herói e o restante da equipe de profissionais da saúde que muitas vezes é tão preparada quanto o mesmo (às vezes até mais) é apenas lembrada como coadjuvantes no cenário da saúde. Parece engraçado a afirmação, mas faz parte da sabedoria popular brasileira, sendo esta ainda muito precária e cultiva esses pensamentos mesquinhos e pequenos que acabam por interferir diretamente de forma negativa na qualidade de vida da população. As pessoas precisam se conscientizar que os outros profissionais também possuem autonomia e autoridade dentro das funções delegadas a eles, que nenhum dos profissionais está sujeito ou abaixo de qualquer outro profissional que constitui a saúde, o trabalho deve ser em conjunto e lado a lado onde não devem existir opiniões que se sobrepõem, apenas saberes que se complementam. Profissionais especialista ficam reféns de outro profissional que possui um “título” imaginário popular de superior por ser médico e a saúde se torna ainda mais burocrática, errônea e insatisfatória. Todos os profissionais são importantes, possuem o mesmo valor e o cidadão precisa de todas para obter uma qualidade de vida satisfatória e longínqua.
Modificar hábitos de vida é interferir na qualidade de vida das pessoas, na sua forma de viver e, em última instância, na sua própria concepção de SAÚDE. O conceito de saúde de cada um é formado a partir de toda a sua vivência, participando de sua constituição a formação familiar, as relações de trabalho, as relações sociais, enfim toda a sua cultura. Os profissionais de saúde, de uma maneira geral, têm formação muito específica. Agindo isoladamente ficam muito limitados no que tange a estes aspectos e o resultado final é uma pobre adesão a qualquer tipo de orientação, fazendo com que um grande número de pacientes abandone o tratamento, precocemente. Na composição da equipe multiprofissional, pressupõe-se a participação ativa do paciente. Este deve ser considerado como o elemento número um, pois representa o próprio sentido da formação do grupo. Sua inclusão, como elemento integrante da equipe, cria com o mesmo compromissos para com o sucesso da terapêutica, tornando-o sujeito e não simples objeto das ações de saúde a ele dirigidas. Os demais elementos serão aglutinados a partir de um princípio básico que será o de alcançar metas bastante objetivas. É importante a agregação de pessoas que pratiquem a mesma filosofia de trabalho e por isso coloquem acima de interesses pessoais (posição, poder, etc.) o bem estar do paciente e o sucesso no tratamento preconizado. O que deve direcionar o funcionamento do grupo é a harmonia de objetivos e ações compatíveis com as metas que se pretende alcançar. Trabalhar em equipe não significa a existência de pessoas trabalhando ao mesmo tempo em um espaço físico, mas sim trabalhar lado a lado, conhecendo o papel que cada um desempenha e sabendo da importância que cada um tem no desenvolvimento do projeto como todo. Em cada momento, em cada ação e em cada setor, um elemento terá sua participação mais ou menos destacada e, respeitadas as especificidades profissionais, todos terão o mesmo peso para o sucesso da empreitada. As grandes vantagens deste tipo de atuação são: a) o número de pessoas atendidas será maior e tão maior quanto mais afinada estiver à equipe nos seus diversos modos de abordagem; b) a adesão ao tratamento será nitidamente superior; c) conseqüentemente, teremos um número muito maior de pacientes sob controle; d) cada paciente poderá ser um replicador de conhecimentos sobre hábitos saudáveis de vida. As ações poderão ser individuais e/ou coletivas, ou seja, os pacientes poderão sofrer interferências em caráter pessoal, no consultório ou, então, participar de trabalhos de grupo que podem ser desenvolvidos em qualquer local do Serviço, ou mesmo fora dele.
A constituição de uma verdadeira equipe multiprofissional, integrada, coesa tem condições de exercer uma atividade bastante profícua em prol dos pacientes. Este tipo de estrutura pode ser utilizado para vários tipos de atendimento e, indubitavelmente, traz grandes benefícios à comunidade onde está inserido. Para os profissionais que nela atuam há grande satisfação pessoal, sensação do dever cumprido e estímulo a uma atuação cada vez mais abrangente. Em qualquer serviço de saúde, pode ser criada uma equipe multiprofissional, o número de componentes pouco importa, o tipo de profissional de saúde é secundário, o que determina seu bom funcionamento é a filosofia de trabalho, união na mesma direção.
-Érica Andrade
Fisioterapeuta/Socorrista
Pós graduanda em Dermatofuncional e cosmetologia
Presidente da ANDRADE FISIO
Criadora e sócia da linha BioDetox Slim