Neste instante que escrevo esta crônica contemplo da sacada do meu apartamento a bela paisagem lunar. Uma lua gigante, colorida e brilhante, toma o vasto espaço sideral iluminando a terra, como que um sol noturno lançando seus raios de luz. A mídia já anunciara o fenômeno, dizendo ser uma Super Lua.
Astronomicamente, ela é originária da maior aproximação do nosso satélite em sua órbita ao redor do nosso planeta.
O que a determina é a diferença de horário entre o momento exato de sua fase cheia e o momento exato de sua maior proximidade com a Terra. Assim, quanto menor for essa diferença, maior será a super lua. Diz-se que ela está no seu perigeu.
O evento é real e deixa atônito quem o vê. Se em todas as noites vemos a lua branca, pequena, distante, ora magra, ora cheia, ora como um quarto crescente, ora como um quarto minguante, é inusitado vê-la mais brilhante, enorme, próxima e bem plena, quase que invadindo todo o espaço para dela se ter uma única visão, a imagem de uma deusa da noite que preenche toda a escuridão.
Quando era pequeno eu via sempre a lua muito longe. Mas, me sentia por ela arrebatado, porque os meus sonhos eu os curtia como se realizando nela e, por consequência, se reproduzindo aqui na terra.
Sonhava em minhas viagens siderais pousando sobre o solo lunar, último ponto obrigatório de passagem para a terra.
Via nela a figura de São Jorge matando o Dragão, uma mancha lunar que ainda hoje tem os contornos dessa imagem. Achava que ela era fria, porque seus raios iluminantes não me esquentavam.
E agora, ela chega tão perto de mim. A réstia que dela desce me envolve num banho de luz e me transporta ao passado. Vejo-a, no entanto, tão diferente. Enorme, sem sua intensa brancura, sem mais o encanto que tinha em minha inocência.
Vejo-a desvirginada, porque no seu solo virgem penetraram os intrépidos astronautas. Porém, mesmo assim guardo, com reverência, sua figura de pureza no recôndito de minhas doces lembranças. Minha ilusão de criança assim permanece, não se desfazendo ante a triste realidade.
A lua romantiza a vida como o sol aquece a alma. Na lua encontro inspiração poética, porque ela é feminina. Acho que é por isso que os amantes têm na lua o repositório de suas sensações. Daí a alegre canção de Ângela Maria ao dizer que “A Lua é dos Namorados”. E realmente a lua é dos namorados.
Uma lua distante que prende os corações e que chega mais perto para fortalecer o amor dos enamorados. Como o meu por minha mulher, a Super Lua amarrou mais ainda o amor de todos os casais nessa noite romântica que a Terra remansosa recebeu o beijo lunar.
Ailton Elisiário