UM PAI PRESENTE É UM PRESENTE DO PAIConforme enfatiza o mercantilismo financeiro amanhã é o dia dos pais. Vale destacar uma linha tênue entre as intenções e os objetivos traçados antes e durante o glorioso dia dos pais, já que após esse dia tudo volta ao normal, à espera do dia dos pais do ano vindouro.
Não pretendo ser azedo nem amargo minimizando a importância das comemorações nesse dia dedicado aos pais. Longe de mim a intenção de estragar o prazer das comemorações, dos presentes materiais, do abraço, por vezes nem tão calorosos assim. Abracem-se, comemorem à exaustão, viva esse momento enquanto é tempo. A vida continua com seus propósitos e não temos nenhum poder de mudar o seu curso.
Não vamos querer aqui também tratar da batalha ridícula travada recentemente nas redes sociais, quando defensores da moral e dos bons costumes se posicionaram antagonicamente contra uma peça de marketing direcionado de uma grande empresa elogiada mundialmente pela ética e valores nos negócios e a oportunidade que coloca no mercado de trabalho empregando milhares de pais e filhos. Isso já não se encontra nos meus arquivos de possibilidades de debate.
Quero destacar as qualidades de um pai que aplaco na minha concepção. A presença do pai na formação do caráter de um filho é a regra número um dessa atribuição intransferível. E aí fazemos um adendo para destacar que consideramos um pai presente aquele que acompanha, sem imposições do cinturão ou do berro hostil que tem como resultado o medo mais do que a educação. Também não julgamos necessário colocarmos uma tornozeleira eletrônica no filho, numa atitude de pura esquizofrenia. Tudo tem de ser avaliado com bom senso, dentro de um contexto temporal. Ah! Você está querendo ser o Papa da criação de filhos! Nada disso companheiro, estou apenas expressando as minhas convicções sobre como lidar com filhos sem a intenção de defender como verdades verdadeiras, mesmo porque isso não existe.
Um pai presente direciona e não impõe nada. Fico pasmo com certas atitudes de pais que estabelecem regras de condutas para os filhos apenas enquanto menores de idade, como se após os dezoito, pelo simples fato da emancipação civil, toda a sua responsabilidade cessasse. Ela permanece, nem que seja como orientador. Entendo que o redirecionamento, por toda vida, deve ser dado sempre que julgado necessário. Alertar para os perigos da selvageria social não é dever dos pais apenas para seus filhos menores de idade. A ideia de que o filho maior é dono do seu nariz não é bem vinda ao meu entendimento.
Se me fizerem uma pergunta do tipo: você se julga um pai perfeito no contexto acima destacado? Deu as orientações aqui defendidas nesses escritos aos seus filhos? Hoje você ainda se preocupa com a rota de vida dos seus filhos? As respostas vão pela ordem das perguntas: não para a primeira; nem tanto quanto necessário para a segunda e sim para a terceira. Não existe orientação perfeita; não existe manual de criação de filhos. O que devemos buscar é a coerência dos nossos atos com o mundo em que vivemos. Ouço e vejo muitos especialistas em educação familiar e fico a imaginar como são simplórios em suas tentativas! Claro que existem parâmetros aceitáveis para as orientações a um filho, mas não devemos arraigar certos conceitos, principalmente quando eles se deslocam da realidade.
Hoje é o dia dos pais. Ontem também foi e amanhã também o será. Vamos comemorar sim! Vamos abraçar nosso pai e filhos. Vamos demonstrar o quão são importantes em nossas vidas. Vamos esquecer as questões de gênero, pois a essência paterna não tem ligações com isso. Vale lembrar que não somente é considerado pai aquele que gera, pois se assim fosse teríamos de excluir da classificação os adotivos. Pais, na nossa concepção, são aqueles que assumem a cumplicidade com tudo o que há de bom e do melhor para os seus filhos. O resto são bijuterias e discussões sem causas.
Parabéns a todos o pais do mundo. Parabéns para mim também, afinal, não sou o melhor pai no mundo, mas, com certeza também não sou o pior. Aliás, deixo essa avaliação para quem tem competência para fazê-lo: os meus filhos. Também registro que não há necessidade de suas manifestações públicas, pois, o que mais me interessa é a convivência diária no contexto familiar, buscando-se o amor, o respeito, a harmonia e a gratidão. Eles têm foro privilegiado para fazer as suas avaliações. Ah, não podemos nos esquecer do Nosso Pai Divino, sem o qual não estaríamos aqui escrevendo abobrinhas. Obrigado Pai por tudo que me concedes, inclusive pela escolha dos filhos que me destinasse.
E vamos comemorar. Hoje também é dia dos pais!
José Ricardo é colunista do FAROL