Tive que gostar de política por imposição das circunstâncias. Vou tentar explicar melhor. Escrevi outro dia e ficou no ar: “O “isentão” goza de algumas vantagens e desvantagens. A vantagem: agrada gregos e troianos. A desvantagem: desagrada troianos e gregos”.
Entendo que para gostar de política você não precisa, necessariamente, acostar-se a um partido. Costumo dizer que um partido é um embrião da coalisão nefasta do auto interesse. A expressão “tomar partido” tem conotação de defesa de algo, mesmo não sendo útil.
Então, com esse pensamento, assumi a cadeira da isenção partidária, tornando-me um autêntico centro direitista moderado. “Nem tanto ao céu nem ao inferno”. O sol nasce para todos.
A posição de isenção que assumimos desestabiliza um pouco o emocional dos radicais das alas predominantes, esquerda e direita. Isso porque ninguém aceita “mexer no seu queijo”. Vivemos uma alternância de Robins Hoods sem precedentes. Uns se sentem oprimidos e explorados, em seu entendimento, outros lesados pela farta distribuição de renda sem um motivo justo, na concepção deles. A meritocracia é o que importa.
Se pararmos para usar um pouquinho o raciocínio lógico, chegaremos à triste conclusão que ambas as correntes se completam na busca incessante dos seus prosélitos seculares.
Portanto, quando falamos sobre as vantagens e desvantagens dos isentões, queremos expressar o risco calculado que assumimos, quando nos posicionamos com equidade sobre assuntos diversos, pois, com certeza não iremos agradar a todos. O que eu escrever hoje pode ser lido pela metade do “meu eleitorado” e desprezado pela outra metade. Isso vai depender da simpatia pelo conteúdo da escrita.
Sigamos em frente e façamos uma descabida comparação dos dois(mesmos) governos do nosso Brasil. O primeiro, beneficiado por uma década e meia no poder, assume o propósito da vingança e apresenta a falsa ideia de que é o governo dos pobres. Só usa essa prática das benesses como para criar uma cortina de fumaça para os seus reais propósitos: criar condições para uma auto sustentação de poder econômico, implantando no País uma rede de corrupção muito mais contundente de que a máfia siciliana. Foram longe demais. Enfim a casa caiu. PT e PMDB tiveram suas máscaras desnudadas.
Sem conseguir fugir do estigma da corrupção, a direita neoliberal se infiltra no poder provisório e começa a colocar suas manguinhas de fora. Ignorando o estado de calamidade que vivencia a nossa economia, encabeça o apoio aos pacotes de bondades a determinadas classes na ânsia de conseguir a proteção futura para os seus delitos políticos, onde a lógica que prevalece é a ideia de tornar o capitalismo o centro de tudo. O Estado se afastando do mercado, o empresariado assumindo o controle dos meios de produção e distribuindo migalhas com um regador de furos estreitos.
Tive que gostar de politica por imposição das circunstâncias. Sei que alguns pretendem bater panelas e mostrarem seus lindos rostos pintados nas avenidas, em verdadeiros desfiles de hipocrisias, proferindo palavras de ordem (não sei de que ordem).
Mudar esse estado de coisas não interessa. Deixa assim. Hoje eu, depois você e “assim caminha a humanidade”.