Quando a morte interrompe uma escalada, não se perde uma vida, perde-se um sonho. O trágico acidente, envolvendo segmentos do futebol, tornou a manhã desta terça, um cenário de tristeza e de dor para o mundo.
Não foi um time que sumiu. Foram famílias dizimadas pela ação da fatalidade, cobrindo o mundo com uma penumbra que inibe o brilho do sol, da lua e das estrelas. O fatídico acidente crava no nosso peito um punhal mortífero, porquanto nos pegamos fragilmente atingidos pela dor da perda de algumas pessoas, transformada no infortúnio da perda de uma multidão. Todos nós morremos um pouco hoje.
Entre as vítimas, 22 jovens jogadores que tinham um sonho. Dirigentes que em devaneios lúcidos, alçavam um time para os degraus da glória, numa trajetória célere de sete anos, pulando a passos largos da série D, em 2009 para a série A em 2014, e de quebra, defendendo o título da Sul Americana, em 2016, sendo que a delegação ascendeu diretamente ao Céu. Sonharam alto e merecido, pois quem acompanha o futebol sabe da performance do time de Chapecó.
Também vitimados, profissionais da imprensa, diretores e profissionais do clube catarinense, tripulantes, e juntamente com esses, morreram seus familiares, pelo menos momentaneamente, quando a dor da perda parece insuportável para todos.
A morte abreviou a vida. O sonho foi soterrado pela fatalidade trágica e incompreensível, coisas que nos acontecem sem explicações plausíveis. O futebol guarda nos seus arquivos esse vetor da dor, do sofrimento, da aflição, do desespero.
Não podemos tirar proveito de tragédias. O melhor é esquecê-la, se é que isso seja possível. Entretanto, sonhamos e desejamos que catástrofes desse quilate aplaquem nos corações e que sejamos mais tolerantes, amáveis, e menos arrogantes. As agruras do dia a dia dificultam as nossas intensões, mas, não podemos desistir de buscar a paz e a harmonia, afinal, esse é o propósito da vida.
Um sonho ascendente foi interrompido. Por muito tempo ficaremos em luto. Às famílias vitimadas o nosso pesar, a nossa solidariedade e a nossa dor.
O ano acabou para o futebol. Não faz sentido comemorar mais nada.