O tema da violência é uma constante na vida da sociedade brasileira. A questão da segurança pública tem sido o item mais discutido nos diversos foros e continua sendo o mais preocupante. Na Paraíba o problema tem se agravado significativamente, haja vista que na classificação dos estados mais violentos do país, ela saiu do 16° lugar que ocupava em 2000 para o 6° lugar em 2016, conforme a 5ª edição do Mapa da Violência 2015 publicado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais.
O Mapa da Violência 2016 apontou a Paraíba como o 6° estado em número de mortes a cada 100 mil habitantes. Em 10 anos, a escalada da violência na Paraíba foi de 472 homicídios por arma de fogo em 2004 para 1.246 em 2014, um acréscimo de 164,0%. Esses dados fazem parte do estudo “Homicídios por Armas de Fogo no Brasil” elaborado pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfsz e publicado pela Flacso Brasil.
Pelo Mapa da Violência 2015, no período 2002 a 2012 os óbitos por arma de fogo em João Pessoa passaram de 210 para 504, um acréscimo de 140,0% e, em Campina Grande, de 180 para 174, um decréscimo de 3,33%, ocupando respectivamente estas cidades o 23° e 98° lugares. Esses dados são do estudo “Mortes Matadas por Armas de Fogo”, elaborado por Júlio Jacobo Waiselfsz e divulgado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Já o Atlas da Violência 2016, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registra em 2014 a taxa de homicídio por 100 mil habitantes de João Pessoa em 64,36 e a de Campina Grande em 48,95. Em 2015 foram registrados 470 casos de homicídios em João Pessoa e 148 em Campina Grande.
Tais estudos também apontam que determinados segmentos da população são mais afetados pela violência por homicídios: os jovens, as mulheres e os afrodescendentes. A vitimização juvenil no Nordeste é a mais alta das regiões brasileiras, atingindo a Paraíba 333 óbitos por 100 mil habitantes em 2012, acima da média do Brasil que foi de 285. Em 2014 a taxa de homicídio de jovens foi de 76,9.
A taxa de óbitos feminina foi de 4,9 por cada 100 mil habitantes em 2012, superior à média brasileira que foi 2,6. A vitimização negra na Paraíba que foi de 563,7% em 2003 pulou para 1.170,9% em 2012, muito acima da média nacional que foi de 72,5% em 2003 e 142,0% em 2012, significando que na Paraíba proporcionalmente para cada branco vítima de arma de fogo morrem mais de 10 negros, vítimas de homicídio intencional.
O Atlas denota ainda que a criminalidade vem crescendo com velocidade e que vem se estendendo para as localidades menores e pacíficas, explicado isto como decorrência da deterioração das condições de segurança nessas localidades. De certo, a insegurança está visivelmente presente em todos os lugares, mormente com as quase que diárias explosões de bancos e correios e os assaltos à mão armada de lojas comerciais. Vê-se que não há política de segurança pública eficiente nem perspectivas de melhoria e que o aparato policial é insuficiente e mal equipado, razões pelas quais as localidades menores se tornam alvos fáceis para as ações dos criminosos.
Bem que o poder público deveria estar promovendo o respeito pela vida com políticas de segurança pública e de inclusão social com a criação de empregos. Mas, está a permitir a violência e o seu crescimento, dando margem à morte matada, como João Cabral de Melo Neto se referia em Vida e Morte Severina: “E foi morrida essa morte, irmãos das almas, essa foi morte morrida ou foi matada? Até que não foi morrida, irmão das almas, esta foi morte matada, numa emboscada.”
A figuração da Paraíba em 6° lugar no conjunto dos estados brasileiros e, especialmente, de João Pessoa como a 3ª cidade mais violenta do país incomoda e muito. A sociedade reclama da inércia governamental e exige providências urgentes. O Movimento Fui Assaltado, que registra e denuncia os casos de assalto a pessoas em João Pessoa iniciou uma campanha em outdoor cobrando do Governo do Estado medidas contra a crescimento da violência no Estado. “Segurança é direito nosso, não vamos parar até que ele seja respeitado”, dizem os organizadores.