Tenho o hábito de dirigir escutando rádio no trajeto casa/trabalho/casa. Recentemente ouvi um dado que me chamou atenção: 44% da população do Brasil não tem o hábito da leitura. Aí, fiz uma pergunta silenciosa a mim mesmo: “você se considera um bom leitor de livros”? A resposta: não! Fiz umas contas por alto e cheguei à conclusão de que eu puxo pra baixo a média Brasil de menos de cinco livros anuais/habitantes acima de cinco anos, idade apontada por especialistas como o início do potencial dos leitores.
Sempre tenho a honestidade de explicar, em respeito a todos, que os meus escritos são baseados nas minhas percepções amadoras sem cunho científico, não obstante valer-me das pesquisas na internet para melhor posicionar uma autocrítica. Não espero cravar a minha verdade e sim abrir o diálogo e aprender com a experiência de muitos que se propõem a opinar dentro da sua ótica.
As pesquisas apontam várias causas para o baixo índice de leitura dos brasileiros, destacando entre elas o trabalho infantil, distribuição desigual de renda, analfabetismo, carência de incentivo em casa e nas escolas.
Desaforado que sou, esperei encontrar entre as causas a intromissão da internet, notadamente na era dos smartphones, mas esse dado não foi mencionado. Dentro da minha condição de neófito no assunto vou me permitir registrar que considero a internet uma “vilã” do baixo interesse pela leitura de livros. A culpa é da internet? Não. Ela é uma realidade em nossos dias e isso não está em pauta, pois não me vejo mais sem essa magnífica tecnologia. A questão é que não devemos selecioná-la como a única fonte do saber. Se mal usada, ela pode destruir amizades e até relacionamentos. Dizia um dos participantes do programa de rádio que, “na pior das hipóteses, o livro serve de companhia”.
Vivemos a era das tirinhas rápidas e visuais. Lí outro dia (em um livro), que estamos vivendo a era da comunicação visual (outras: escrita e falada). Hoje, notadamente entre os jovens, há predominância da imagem sobre a escrita e a fala. O jovem de hoje é mais familiarizado com essa realidade. Não critico nem elogio, constato a realidade.
O brasileiro não gosta de livros. Vemos as escolas priorizarem o computador. O governo, que era o grande comprador, já perdeu essa condição, mormente os efeitos das crises econômicas e o próprio abandono dos nossos governantes pela educação. O cenário é de piora. Com o cabresto colocado nos gastos, de forma linear, não vejo perspectivas de melhoras na educação por esses vinte anos vindouros. Quem viver verá.
Nada a fazer, façamos a nossa parte. Vamos curtir as tirinhas literárias, mas vamos ler ao menos um livro por mês. “Tô nessa, vem comigo”.