O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dá mais uma vez mostra da insensibilidade para com a vida da Humanidade. Ao definir que está a defender os interesses dos cidadãos norte-americanos, age como o avestruz que buscando se proteger de um ataque põe a cabeça dentro de um buraco deixando todo o corpo de fora, pensando que está totalmente resguardado.
A saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima celebrado em 2015 na cidade de Paris por 195 países, que objetiva limitar o aumento da temperatura mundial e a reduzir a emissão de gases do efeito estufa, coloca sob ameaça a vida do planeta. A China e a Rússia, dois países que são grandes emissores de gases poluentes, ao lado dos Estados Unidos, se comprometeram a manter o pacto, embora reconhecendo que a ausência norte-americana poderá complicar a sua aplicação.
Desde a sua campanha eleitoral que o foco de Donald Trump é “tornar a América grande novamente”. A permanência dos Estados Unidos no Acordo representa, segundo ele, a perda de milhões de empregos e de receita de trilhões de dólares para o país. Sem considerar que os 192 países que respeitam o Acordo também sofrerão perdas semelhantes, aceitando-as, porém, para o bem comum.
A questão não é tornar grande a América, a questão é tornar a Terra grande, como bem frisou o presidente francês Emmanuel Macron, ao publicar nas redes sociais que “vamos fazer nosso Planeta grande novamente”, em contraposição a Donald Trump. E como ele, também pensam os governantes da União Europeia e do resto do mundo. As indústrias norte-americanas de petróleo e carvão na ganância pelo lucro exigem do presidente essa insensata postura política, que “tornam Donald Trump pequeno novamente”.
O que o mundo já sofre pelo aquecimento global virá a ser insustentável com a saída dos Estados Unidos. Nestes 16 anos iniciais do Século XXI já se registram como os mais quentes desde 1880, quando se começou a registrar a temperatura no mundo. O derretimento das geleiras continua em processo acelerado nos últimos 36 anos consecutivos. A população chinesa já se utiliza de máscaras para se proteger da poluição. Em São Paulo já está difícil a vida para as crianças.
A indústria norte-americana poderá vir a ganhar em curto prazo com a medida do presidente, mas sem dúvidas, será a mais prejudicada no longo prazo. Quando já se movimentam os países para a aplicação de novas tecnologias industriais, na perspectiva da substituição de combustíveis fósseis por energias limpas, os Estados Unidos assumem a contramão da história desrespeitando a própria vida.
Donaldo Trump ao agir assim deve estar se espelhando no imperador chinês Hongxi, que em 1425 proibiu seus navios de singrarem os mares em busca de comércio, quando a Europa conquistava o mundo com sua navegação marítima comercializando especiarias. Com essa decisão Trump fechará os Estados Unidos, como Hongxi fechou a China, o que irá demonstrar que certamente Trump não é um fenômeno político, mas um pau mandado por uma indústria que não vê um palmo diante do nariz.
Os países do Acordo de Paris não deverão, contudo, aceitar passivamente a saída dos Estados Unidos. Sanções poderão ser aplicadas, não obstante ninguém ser obrigado a fazer parte de acordos. Trata-se, todavia, de interesse da Humanidade, do Planeta Terra, que deve se sobrepor aos interesses particulares da indústria norte-americana e dos Estados Unidos da América do Norte.