Alguns acontecimentos em tua trajetória de vida jamais são apagados da memória. Quando cursava o ensino médio no Colégio Estadual Gomes Freire de Andrade, no Rio de Janeiro, lá pelos idos da década de 70, um professor encenou uma situação, onde um acontecimento era relatado a uma pessoa com detalhes a serem observados. Aí, entrava em cena uma e outra pessoa que não ouviu o relato do ocorrido, e recebeu daquela que ouviu, a sua versão. Sequencialmente sucederam-se vários diálogos com pessoas diferentes que contavam o que haviam ouvido. Resultado: ao final do último participante, a verdade que foi contada em primeiro lugar foi totalmente distorcida e o verídico passou a ser visto através de uma diferente concepção.Geralmente cremos que a nossa verdade é verdadeira não é? A redundância é proposital para enfatizar a ideia que pretendo implementar. Não raro nos envolvemos em atritos e discussões absurdas por achar que sempre estamos certos. Quem te ouve, pode ver a situação de outro ângulo e aí não concorda contigo “nem que a vaca tussa”. Isso é corriqueiro. O curioso é que podemos ter uma terceira verdade, diferente da dos antagonistas.
Isso ocorre porque a nossa personalidade é edificada a partir de crenças, valores e paradigmas arraigados que não queremos largar. Ah! Como é difícil quebrarmos paradigmas. “É nisso que acredito e não é você que me fará vê de outra maneira”.
Nossas convicções às vezes nos transformam em seres irracionais. Acumulamos conceitos cuja metamorfose é lenta, gradual e por vezes inexistente. Acreditamos no que acumulamos. Vemos tudo sob um prisma particular, sem a visão holística que seria o ideal.
No confronto de ideias devemos buscar o consenso. Sei que nem sempre é possível e aí recrudesce o desentendimento, que por vezes trazem sérios prejuízos às relações interpessoais. Ninguém gosta de ser mudado em seu pensamento. Gostamos de cuidar das nossas vidas e ficamos irados quando alguém quer ditar normas de conduta. É politicamente moderna a individualidade nos dias atuais. Julgamo-nos infalíveis na arte de viver a vida. Acredito que devamos repensar essa postura, afinal, tem muita gente boa, com coisas boas a nos repassar de graça, somente pelo bem querer. Não devemos desperdiçar algumas orientações de pessoas equilibradas, vividas e de bons propósitos. Absorvi que a vida é um aprendizado e as pessoas sensatas e inteligentes têm papel fundamental na melhora das nossas percepções. Aqui, não cabe confundir em querer te modificar. Nada disso. Quem age assim, pode está buscando te auxiliar no alcance dos propósitos de tua vida. “A humildade é um excelente instrumento do aprendizado”.
