Que injustiça cometem comigo! Hoje é o seu dia, dia dos pais. Ironicamente agradeço por escolher apenas um dia para me dedicar. Brincadeira! Hoje é um muito especial, criado por Deus e escolhido pelo comércio para homenagear nós pais, às vezes injustiçados, às vezes ausentes, mas, por muito amado e venerado. Tenho dois na mesma morada. Os dois são maravilhosos dentro de suas essências, a Divina e a humana.
Espiritualmente convivo com o meu PAI diariamente. Na materialidade, não convivi muito com o meu pai biológico por muito tempo. Por propósitos do destino, logo cedo tive que “ganhar o mundo”. Então nossas existências foram, em sua maior parte, à distância. Nem por isso deixou de existir amor.
Não tinha o hábito de sentar ao seu lado “naquela mesa”, para ouvir dele o que é viver melhor. Entretanto pedia para “para sentar aqui que o jantar está na mesa”. As memórias dos momentos são raras, não obstante guardo o orgulho de um homem ético, de caráter e com seu exemplo de honestidade, deixou-me um grande legado: o da retidão.
Ele contava histórias sim. Lembro perfeitamente. Algumas guardo na memória, já que essa não é mais nenhuma “brastemp”. Sempre foi uma pessoa alegre. Na curta convivência ganhou um fã.
Pai, sei que daqui a algum tempo te encontrarei para consolidarmos a amizade de verdadeiros amigos. O meu PAI há de propiciar esse grande encontro. Aí, dar-lhe-ei um abraço tão forte que receio “quebrar-lhe os ossos”.
Também me lembro de alguns constrangimentos que me fez passar. Certa vez, manifestei o desejo de ter uma sanfona. O senhor não se fez de rogado. Levou-me à feira livre da cidade de Marí, e fez-me experimentar o instrumento no meio de uma multidão. Ah! Minha vontade era tão grande de possuir uma sanfona, que brindei o público com dedilhadas desafinadas e sem qualquer coerência musical. Hoje diria: “paguei o maior mico”.
Valeu meu pai! Quero encontra-lo qualquer dia desses, conforme desejo do meu PAI. Aí, procuraremos uma sanfona no reino celeste e celebraremos, juntos com os nossos, as coisas belas que vivemos nesse orbe tão cheio de armadilhas e encantos.
Pais! Amo-os ao extremo.