Nenhuma novidade se pode retirar da prolação da sentença do juiz Sérgio Moro, em julgamento do processo tendo como réu o ex-presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva. Restou efetivamente provado o envolvimento deste nos esquemas da corrupção, elemento indispensável para a condenação. Sem a prova, era de se esperar julgamento em sentido contrário, pela aplicação do princípio “in dubio pro reo”.
Sentença não se discute, cumpre-se, mesmo que concomitantemente dela se recorra. E é o que farão seus advogados. As reações, porém, fora do âmbito jurídico, servem apenas para a satisfação social, comportamento natural de todos aqueles que se veem mal vistos pela sociedade ou contrariados em seus interesses.
Não há o que lamentar pela condenação de criminosos. A lei aplica-se a todos, mesmo que por ela tentem não serem alcançados os poderosos, os que se acham intocáveis, os que se autodenominam salvadores da pátria. A liderança pode fazer o governante, mas o governante jamais poderá fazer do povo o objeto de suas maldades. A liderança se destrói pela ambição desmedida, que faz com que o povo destrua seus governantes pela perda da confiança.
Governantes de outros países já foram condenados porque lhes faltou a honestidade necessária ao homem público, que se responsabiliza temporariamente pela gestão dos negócios do povo. O nosso país está afundado numa crise jamais vista em lugar algum, produzida pela mais bem montada rede de corrupção que se está esvaindo na medida em que julgamentos dessa natureza vão abatendo seus protagonistas.
Cada um na sua esfera de poder e influência vão pouco a pouco sendo dizimados. E não devem seus estertores ou seus impropérios encontrar repercussão capaz de tolher o ânimo do povo. Muito menos, demonstrações de soberba e arrogância, próprias dos que se acham donos do poder, que querem continuar a se utilizar do povo como massa de manobra, dessa vez para se desviarem do caminho que os leva ao cadafalso. Portanto, a condenação de Lula da Silva é o corolário das investigações criminais no âmbito do combate à corrupção.
O povo esperava isto. Tanto que as manifestações contrárias foram tão pífias, que fizeram juntar apenas os correligionários interessados na comilança, ou os que ainda não se conscientizaram de que jamais deixaram de ser objetos dos interesses particulares de seus líderes.
Não há mal que não se destrua por si próprio, como a ambição que se destrói a si mesma pela perda de seus próprios limites. Com todos os percalços e com todas as armadilhas possíveis e imagináveis, usados dentro do intrincado processo de combate à corrupção no país, a vitória da Virtude ainda se faz ver. Ela está lá radiante, à espera da queda do último assecla daquelas hostes criminosas. O povo é livre e o país é democrático de direito, e jamais o pendão auriverde deixará de tremular, soçobrando à cobiça pessoal e a outras ideologias que já pereceram em outros lugares do mundo.
(*) Advogado, professor, membro da ALCG